segunda-feira, janeiro 29, 2007

[citação 18]
TOUT CECI


Tout ceci doit être considéré comme dit par un personnage
de roman.

Citação > Roland Barthes (1915-1980), França
> in Roland Barthes por Roland Barthes (frase inicial do livro/auto-citação),
ed. Edições 70, Lisboa, 1976

Fotografia > René Magritte (1896-1967), Bélgica
> L'Amour (Georgette et René Magritte), Le Perreux-sur-Marne, 1928
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sábado, janeiro 27, 2007

terça-feira, janeiro 23, 2007

MEG




I know not what tomorrow will bring.

Citação > Fernando Pessoa (1888-1935), Portugal
> A última frase, escrita a lápis (...), in Maria José de Lancastre, "Fernando Pessoa
- Uma Fotobiografia", ed. Imprensa Nacional-Casa da Moeda/Centro de Estudos
Pessoanos, Lisboa, 1981

Fotografia > Tina Modotti (1896-1942), Itália/México
> Roses, Mexico, 1924, col. Museum of Modern Art/MoMA, New York

Este post destina-se a integrar uma homenagem colectiva em memória de Maria
Elisa Guimarães (Meg), recentemente falecida. Com ela troquei comentários e
mails, a propósito da frase citada num post do Sub Rosa, em 30 de Novembro
último (data do aniversário da morte de Pessoa), mas eu desconhecia nessa altura
que a própria Meg se encontrava gravemente doente. Tinha intenção de escrever
aqui acerca do impacto desta amiga virtual na minha vida bloguística e também
sobre a perturbante notícia da sua morte. Porém, perdi a coragem, depois de ler
o extraordinário depoimento "Minha mulher morreu", publicado hoje mesmo
por Paulo José Miranda. Sem palavras.
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sábado, janeiro 20, 2007

RETRATO MÚLTIPLO
(agradecimentos)




Com esta fotografia do nosso arquivo agradecemos a todos os que têm acompanhado
o Ultraperiférico ao longo do último ano. E também a quem nos tem felicitado
pelo primeiro aniversário: Luísa R./Gotas d'Água, Pilar, Manuel A. Domingos/
Meia-Noite Todo o Dia
, Clara R., Rathercynical/Rather Cynical, Casoual/Sob(re)
a Pálpebra da Página, Australopithecus/Imbecilidades, CJ/Eter, Catia/Há Fogo
Na Lua, L'Oiseau Rare, Aldina/Aldina Duarte Blog, Insignificante/Frioleiras,
Pedro D. Almeida/Nebulado, Tereza Quetzal (lembrando Meg/Sub Rosa).

Agradecemos ainda a Henrique do Insónia e a Mário/Retorta que destacaram
o nosso aniversário nos respectivos blogues. E um agradecimento muito especial a
André do In Absentia (por)que nos dedicou um post a cujo tema voltaremos um
dia destes.

[P] [R] [K] [H] [B] [BT] [E] [U] [PF]


Fotografia > Anónimo, Portugal
> Retrato múltiplo, s/l (Lisboa?), s/d (c. 1920), (foto © FH/CRO)

Este tipo de retrato múltiplo com espelhos, foi praticado por alguns estúdios nas
primeiras décadas do século XX, desconhecendo-se no entanto se houve fotógrafos
portugueses que se tenham dedicado ao processo.
Crê-se que o retrato aqui reproduzido terá sido tirado em Lisboa, possivelmente por
um fotógrafo estrangeiro itinerante, talvez o mesmo que nessa época trabalhava em
Madrid. Sobre a mulher fotografada indaguei se poderia tratar-se de Henriqueta
Madalena, irmã de Fernando Pessoa, dadas as semelhanças fisionómicas, mas as
minhas pesquisas não foram conclusivas. Certo é que esta pista faz algum sentido:
descobri que Ofélia Queiroz, a eterna namorada de Pessoa, brincando com os
heterónimos do poeta, lhe dedicou um retrato seu com idênticas características.

> Publicámos aqui um outro retrato múltiplo, o mesmo que serviu para fazer a marcação
gráfica dos posts do nosso colaborador Personagem de Fricção.
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quarta-feira, janeiro 17, 2007

1 ANO



Ultraperiférico: na blogosfera desde 17 de Janeiro de 2006.

Fotografia > Autor não identificado, Portugal
> Interior de Fábrica (Liz - Empresa de Cimentos Leiria, Turbo-aspirador de poeiras
dos secadores de matéria prima, sistema Prat-Daniel), Leiria, s/d (déc. 1920?),
(foto © FH/CRO)
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[Adenda]
Esta fotografia de autor não identificado pertenceu a uma série documental realizada
para a cimenteira Liz, possivelmente nos primeiros anos da fábrica, fundada em 1923,
e terá precedido uma outra série realizada na década seguinte por Domingos Alvão
(1869-1946). Trata-se não apenas de um bom documento fotográfico, mas
de uma
imagem que
parece exaltar, através da presença das máquinas no espaço fabril, a era
de desenvolvimento industrial que se seguiu à primeira Grande Guerra. Não vemos
operários neste interior nem vemos documentadas as suas duras vidas, expostas aos
perigos da poluição: tudo parece resumir-se a um cenário de geometrias perfeitas,
modernas e fantasiosas,
em que a luz coada pelo pó do cimento contribui para a
criação de uma
atmosfera grandiosa e onírica.


Será que algum dos nossos leitores consegue decifrar esta assinatura? Vá lá, façam
os vossos palpites, como se fosse uma prenda de aniversário.
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sábado, janeiro 13, 2007

AMADEO NON STOP



Última oportunidade para descobrir ou redescobrir Amadeo, na Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa. A exposição está aberta non stop, entre as 10 horas da manhã
de hoje, Sábado, e as 24 horas de amanhã, Domingo.
Sem dúvida, Amadeo de Souza-Cardoso é a maior descoberta de Portugal...
no século XXI. Para quem quiser seguir o aviso sábio de Almada Negreiros.

Pintura > Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918)
> Clown - Cavalo - Salamandra, c. 1911-1912, col. CAM/FCG, Lisboa.
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quarta-feira, janeiro 03, 2007

AMADEO



A duas semanas do encerramento da exposição Amadeo de Souza-Cardoso,
Diálogo de Vanguardas na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa (até 14 de
Janeiro), parece que tudo já foi dito. Mas importa agora saber se o país de Amadeo,
o país que em tantos campos continua tristemente alheio à modernidade e à ousadia,
terá finalmente compreendido as palavras provocatórias deste "manifesto" de
Almada Negreiros:


É um facto que a actual exposição da Fundação Gulbenkian tem sido um êxito de
afluência de público, e eu próprio a visitei com o prazer da (re)descoberta. Porém,
tendo em conta que um evento de tal dimensão, dedicado ao mesmo artista, não
ocorrerá nos próximos anos, pergunta-se: terá sido desta que Amadeo foi tratado
como merece, ou estamos perante mais uma oportunidade perdida?

Do meu ponto de vista a exposição é o exemplo acabado da habitual dificuldade em
lidar com os nossos mitos culturais, um fenómeno especificamente português. Desde
logo, apesar dos objectivos (correctamente ambiciosos) de enquadrar a obra de
Amadeo entre os principais vanguardistas europeus do seu tempo, verificamos que
alguns dos autores e obras representadas, não chegam para confrontar certos segmentos do trabalho do artista português. Veja-se, a título de exemplo, a falta de contrapontos significativos às pesquisas futuristas e cubistas de Amadeo, bem como às obras do seu período final, já marcadas pelas inovações dadaístas. É certo que tais lacunas não ficam a dever-se aos propósitos gerais da exposição, mas antes às conhecidas dificuldades das instituições portuguesas em conseguir empréstimos de obras internacionais de primeira linha (por falta de contrapartidas de nível equivalente). No entanto, há três aspectos lamentáveis que, por dependerem inteiramente dos critérios da entidade organizadora, não têm perdão :
o projecto museográfico que, entre outras jóias de pretensiosismo, mostra logo à entrada da exposição uma escultura de Brancusi colocada em frente de uma grande
ampliação de um retrato de Amadeo; o catálogo enorme e luxuoso a que falta, além
de bom senso editorial (e custos a condizer), um grafismo digno e a indispensável
qualidade de impressão e reprodução das obras; e finalmente, a não inclusão das
experiências fotográficas
de Amadeo, sobre as quais quase tudo se desconhece,
excepto que o espólio existente, incluindo fotografias, doado no final dos anos 80 pela
viúva do artista à própria Fundação Gulbenkian, se encontra em "tratamento".



Sobre este último aspecto, António Sena revela no seu livro História da Imagem Fotográfica em Portugal (1998):
"Datam de 1915-17 algumas das primeiras fotografias de Amadeo de Souza-Cardoso utilizando sobreposições, nomeadamente no seu retrato com Lúcia, feito em
Manhufe e influenciado pelo «Fotodinamismo Futurista» de Bragaglia. É provável
que o espólio de Amadeo tenha ainda algumas das poucas experiências futuristas
da fotografia
portuguesa, mas ninguém, como sempre, deu por isso.


Fotografia > Autor não identificado
> Retrato de Amadeo (auto-retrato?), s/d, s/l (fotografia reproduzida no catálogo
da
exposição Amadeo de Souza-Cardoso, Centro de Arte Moderna/FCG, Lisboa, 1983).

Fotografia >
Amadeo de Souza-Cardoso, (1887-1918)
> s/t (retrato com sobreposição)
, Manhufe, c.1916, Col. FCG (in A. Sena, História da
Imagem Fotográfica em Portugal, 1839-1997,
ed. Porto Editora, Porto, 1998.
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