sábado, abril 29, 2006

[citação 2]
QUEM NÃO DANÇA



Quem não dança não sabe o que se passa.
> Hino gnóstico, séc. VII
[R]

[Adenda]
> José Gil (n. 1939), in Metamorfoses do Corpo, 1980

Se a dança tem sempre um carácter «divino», isto deve-se ao facto de se situar
aquém de qualquer sintaxe, qualquer que seja a gramática ou o léxico que sirva
nesse momento. Fundamentalmente, dançar significa confundir o léxico com a
gramática, de tal modo que os gestos não reenviam a nenhum sentido fora dos
movimentos corporais; nesse aspecto tudo está a descoberto na expressão, não
há nada escondido, nem nenhum mundo oculto; espécie de levitação que se basta
a si mesma, com o seu espaço e tempo próprios, a dança traz em si e perante todos
a chave da inteligência do corpo. O dançarino é simultâneamente o papel, a pena
e o grafo, sendo o espaço que o seu corpo desenrola aquele em que, eventualmente,
se inscreve o signo que é o próprio corpo.
[R]

> Fotografia (s/a, s/t, s/l, s/d, s/p)

Não é nosso hábito publicar imagens sem uma pequena ficha de identificação de
autor, título, local, data, proveniência. Abrimos hoje excepção,
com uma imagem
não legendada do nosso arquivo digital, porque queríamos assinalar o Dia Mundial
da Dança com este voo, sobre a passadeira vermelha dos cravos.
Provamos assim que os milagres existem: através da capacidade que uma fotografia

tem de suspender para sempre o movimento de um corpo e, simultâneamente,
através das duras técnicas de dança que permitem a um bailarino transfigurar-se
em ave.
[R]

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terça-feira, abril 25, 2006

EM ABRIL, CRAVOS MIL













Eu estive no Chiado na manhã do dia 25 de Abril de 1974. Era muito novo e como
tantos outros lisboetas saí à rua transgredindo as ordens difundidas pela rádio. Foi
assim que assisti no Largo do Chiado à movimentação das tropas a caminho da sede
da pide na Rua António Maria Cardoso. A certa altura reparei que vinham grupos
de vendedeiras do Mercado da Ribeira a subir a Rua do Alecrim. Traziam cestas à
cabeça, e algumas traziam nos braços molhos de cravos vermelhos. Quando elas
chegaram ao Largo de Camões, no meio de toda aquela efervescência, começaram
a distribuir sanduiches aos soldados e a oferecer-lhes cravos. E vi que eles enfiavam
os cravos nos canos das espingardas. Eram os primeiros cravos da Revolução.

Desci depois para a Rua Garrett que já começava a encher-se de gente. Entre o medo
e a excitação, parei junto da antiga Casa Jerónimo Martins. Um chaimite vindo da
Rua Nova do Almada, passou à minha frente e dirigiu-se para o Largo do Carmo, por
entre a multidão que se aglomerava aclamando os militares. Um homem de cabelos
compridos saltou para cima do tanque e de braços abertos desatou a gritar qualquer
coisa sobre a liberdade. Então, mesmo ao meu lado uma mulher velha, baixinha e
curvada, começou a cantar com voz sumida: Heróis do mar, nobre povo... e de
imediato o hino nacional se espalhou por toda a rua.
(R)

> 32 cravos vermelhos + 1 cravo a ganhar cor até ao ano que vem
(composição fotográfica por Roteia/Ultraperiférico)



1974
Comemorações da Revolução dos Cravos . Ultraperiférico
2006


(Adenda)
Outras comemorações > em actualização
Este é um levantamento do estado das comemorações na blogosfera (incluindo algumas
anti-comemorações). Caso o leitor não esteja nesta lista, pf deixe o seu link na caixa de
comentários.

ABC > "25 de Abril é sempre que um homem quiser"
http://abcdoppm.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-sempre-que-um-homem-quiser.html
Adufe > "Sem Abril, sem voz"
http://adufe.weblog.com.pt/arquivo/2006/04/sem_abril.html
Aliados > "É preciso avisar toda a gente"
http://avenida-dos-aliados-porto.blogspot.com/2006/04/preciso-avisar-toda-gente.html
Almocreve das Petas > "Vc pediu um 25 de Abril!?"
http://almocrevedaspetas.blogspot.com/2006_04_01_almocrevedaspetas_archive.html
Amigo do Povo, O > "Duas Perguntas!" > "Duas Respostas" > "25 de Abril"
> "Eu e o 25 de Abril" > "Alberto João Jardim e o 25 de Abril" > "24, 25 ou 26"
> 25 de Abril é quando um homemquizer > "Reflexões sobre o 25 de Abril"
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/duas-perguntas.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/duas-respostas.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/25-de-abril.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/eu-e-o-25-de-abril.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/alberto-joo-jardim-e-o-25-de-abril.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/24-25-ou-26.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-quando-um-homem-quiser.html
http://o-amigodopovo.blogspot.com/2006/04/reflexes-sobre-o-25-de-abril.html
Ante & Post > "25 de Abril" (vários posts)
http://ante-et-post.weblog.com.pt/2006/04/post_65
Aspirina B > "Retrato Inclinado" > "Onde estavas no 25 de Abril de 1986"
http://aspirinab.weblog.com.pt/2006/04/retrato_inclinado.html
http://aspirinab.weblog.com.pt/2006/04/onde_estavas_no_25_de_abril_de.html
Auto-Retrato > "25 de Abril"
http://retrato-auto.blogspot.com/2006/04/25-de-abril.html
Avatares de Um Desejo > "Contam e eu acredito"
http://avatares-de-desejo.blogspot.com/2006_04_01_avatares-de-desejo_archive.html
Bicho Carpinteiro > "A Estátua de Salgueiro Maia"
http://bichos-carpinteiros.blogspot.com/2006/04/esttua-de-salgueiro-maia.html
Blog de Cheiros > "O Presidente e os cravos"
http://cheirar.blogspot.com/2006/04/o-presidente-e-os-cravos.html
Bombix Mori > "25.4,32" > "25 de Abril. Querela"
http://bombyx-mori.blogspot.com/2006/04/254-32.html
http://bombyx-mori.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-querela.html
Braganza Mothers, The > "Grandes momentos do Regime"(e outros posts)
http://braganza-mothers.blogspot.com
Café & Cigarras >"7x5"
http://cafeecigarras.blogspot.com/2006/04/7x5.html
Causa Nossa > "O discurso (2)"
http://causa-nossa.blogspot.com/2006/04/o-discurso-2.html
Cocanha > "Deslizar é preciso"
http://cocanha.blogspot.com/2006/04/deslizar-preciso.html#comments
Coexistência Humorística > "Dia dos Democratas" > "Murais da História"
http://coexistenciahumoristica.blogspot.com/2006/04/dia-dos-democratas.html
http://coexistenciahumoristica.blogspot.com/2006/04/murais-da-histria.htmlll
Da Literatura > "25 de Abril" > "As portas que Abril fechou"
http://daliteratura.blogspot.com/2006/04/25-de-abril.html
http://daliteratura.blogspot.com/2006/04/as-portas-que-abril-fechou.htm
De Vagares > s/título
http://devagares.weblog.com.pt/2006/04/post_11
Devaneios Desintéricos > "Vinte e cinco de Abril" > "Comemorações"
http://devaneiosdesintericos.blogspot.com/2006/04/vinte-e-cinco-de-abril.html
http://devaneiosdesintericos.blogspot.com/2006/04/comemoraes.html
Diário Ateísta > "Viva o 25 de Abril. Sempre"
http://www.ateismo.net/diario/2006/04/viva-o-25-de-abril-sempre.php
Dias com Árvores > "Uma fotografia do 25 de Abril" > "Árvores da Liberdade"
http://dias-com-arvores.blogspot.com/2006/04/rvores-da-liberdade.html
http://dias-com-arvores.blogspot.com/2006/04/uma-fotografia-do-25-de-abril.html
Dias Felizes > "Este Abril"
http://last-tapes.blogspot.com/2006/04/este-abril.html
Dolo Eventual > "A propósito de estranhas formas de celebração do 25 de Abril"
http://odoloeventual.blogspot.com/2006/04/propsito-de-estranhas-formas-de.html
Glória Fácil > "Sempre!"

http://gloriafacil.blogspot.com/2006/04/sempre_25.html
Ideias Para Debate (Moçambique) > "25 de Abril (2)"
http://ideiasdebate.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-2.html
Instante Fatal > "32 anos depois do 25"
http://instantefatal.blogspot.com/2006/04/32-anos-depois-do-25-html#links
(procurar em instantefatal.blogspot.com)
Insurgente, O >"Decepcionante" > "Leitura Recomendada I"

http://oinsurgente.blogspot.com/2006/04/decepcionante.html
http://oinsurgente.blogspot.com/2006/04/leitura-recomendada-i.html
Kontratempos > "Encenação"
http://kontratempos.blogspot.com/2006/04/encenao.html
Licenciosidades > "25 de Abril" > "26 de Abril Sempre" > "Vamos lá ver se é
desta que me chamam fascista"
http://tautau.blogspot.com/2006/04/25-de-abril.html
http://tautau.blogspot.com/2006/04/26-de-abril-sempre.html
http://tautau.blogspot.com/2006/04/vamos-l-ver-se-desta-que-me-chamam.html
Luz de Presença > "Abrir Abril a pele marcada pela cor da liberdade"
http://luzpresenca.blogspot.com/2006/04/abrir-abril-pele-marcada-pela-cor-da.html
Memória Inventada, A > "A Portela ainda é Nova Iorque"
http://memoria-inventada.weblog.com.pt/arquivo/2006_04.html#230298
Manchas > "Leitora no seu infinito particular" (e outros posts)
http://blogmanchas.blogspot.com/2006/04/leitora-no-seu-infinito-particular-xv.html
Mau Tempo no Canil > "O Cravo"
http://mautemponocanil.blogspot.com/2006/04/o-cravo.html
Na Escola em Uppsala > "Trinta e dois anos"
http://uniupp.blogspot.com/2006/04/trinta-e-dois-anos.html
O que pensa Aluízio (Brasil) > "Ao contrário de Portugal, não podemos
comemorar democracia" > "Em Abril, cravos mil" > "Abril em Portugal"
http://oquepensaaluizio.zip.net
Poesia Distribuída na Rua > "José Gomes Ferreira" > "Nikias Skapinakis"
http://ruialme.blogspot.com/2006/04/jos-gomes-ferreira-xxviii-comcio.html
http://ruialme.blogspot.com/2006/04/nikias-skapinakis-declacroix-no-25-de.html
Random Precision > "Funchal Vila Morena"
http://rprecision.blogspot.com/2006/04/funchal-vila-morena.html
Retorta > "Natureza morta que por pouco não tinha um cravo".
http://retorta.net/wordpress/index.php/2006/04/25/natureza-morta-que-por-pouco-nao-tinha-um-cravo/
Renas e Veados > "A internacional Grândula Vila Morena" > "Já reparou que
a Direita está mais (sexy) hipócrita?"
http://renaseveados.weblog.com.pt/arquivo/230391.html
http://renaseveados.weblog.com.pt/arquivo/230385.html
Rua da Judiaria > "A Minha Revolução"
http://ruadajudiaria.com/index.php?p=261
Sociedade Anónima > s/título
http://soc-anonima.blogspot.com/2006/04/blog-post.html
Tempos que Correm, Os >" 25 de Abril"
http://valedealmeida.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-melhor-maneira-de-celebrar_25.html
25 Linhas > s/título
http://25linhas.blogspot.com/2006/04/um-homem-de-cabelos-compridos-saltou.html
Welcome to Elsinore > "Sim, a liberdade"
http://welcometoelsinore.blogspot.com/2006/04/sim-liberdade-os-representantes-dos.html
Xattoo > "Abril, Abril, Lutas Mil"

http://xatoo.blogspot.com/2006/04/abril-abril-lutas-mil.html
Yesterday Man >" Estes filhos da revolução são uns frívolos de merda" > "25 de
Abril só de vez em quando".
http://yesterdayman.blogspot.com/2006/04/estes-filhos-da-revoluo-so-uns-frvolos.html
http://yesterdayman.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-s-de-vez-em-quando.html
...

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sexta-feira, abril 21, 2006

[citação 01]
DA MINHA LÍNGUA




Da minha língua vê-se o mar.
> Vergílio Ferreira (1916-1996)
[P]

Fotografia > Anónimo, Portugal,
> Sem Título (paisagem marítima da costa portuguesa), c. 1905 (foto © FH/CRO)

Fascina-me este postal fotográfico de autor não identificado, atribuível a J. Bárcia
(José Artur Leitão Bárcia, 1871-1945), especialmente devido à coloração da prova,
avermelhada, com viragem a ouro ou a enxofre, e à delicada impressão em papel
texturado.

A intensão pictorialista/naturalista, seguindo as tendências internacionais da época,
permite relacionar esta fotografia com a pintura de paisagem que exaltava os valores
estéticos da natureza, os quais por sua vez eram influenciados pela fotografia. Mas
distancia-se totalmente do kitsch comercial do "pôr-do-sol" que a fotografia a cores
viria a vulgarizar em postais ilustrados ao longo da 2.ª metade do século XX.
[R]

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segunda-feira, abril 17, 2006

3 MESES



Três meses do Ultraperiférico, assinalados hoje com um agradecimento especial a
Alexandra Barreto que nos destacou há tempos no seu blogue roxo vibrante.
Agradecemos também aos nossos visitantes habituais e a todos os que connosco
dialogam na caixa de comentários, onde passámos a admitir novas possibilidades de identificação.
Temos procurado melhorar gráficamente através de alguns ajustamentos no template
do Blogger, mas ainda nos falta experiência para realizar alterações mais profundas.

Reafirmamos um deliberado distanciamento das agendas mediáticas uniformizantes
do jornalismo e das guerrilhas políticas que estas veiculam, sem rejeitar a actualidade. Acontecimentos recentes que aqui acompanhámos, como os "casos" Museu Berardo
e Museu Hermitage-Lisboa, deixam-nos a impressão de que, pelo menos na área museológica, as coisas tendem a mudar neste nosso (como lá muito atrás já dissemos)
"belo jardim à beira-mar betonizado".
Mesmo assim, Portugal continua culturalmente ultraperiférico. Considerando ser este
o pano de fundo das debilidades estruturais do país e das crises sucessivas que temos
atravessado nas últimas décadas, é nossa intenção manter aberto o debate em torno
daquilo que passaremos a designar por mediocridade localista, essa espécie de
resistência empedernida a padrões internacionais de exigência e ao cosmopolitismo
das sociedades urbanas.
[R]


Fotografia/Pintura > Helena Almeida (n.1934)
> Da série "Pintura Habitada", 1978. (Col. Mário Teixeira da Silva)

Helena Almeida, uma das nossas preferências e figura central na arte portuguesa
das últimas décadas, é senhora de um percurso excepcionalmente coerente nos
domínios plástico e narrativo. Na série Pintura Habitada, composta de sete partes
(da qual reproduzimos a quinta), a auto-representação fotográfica da pintora é
intervencionada com tinta acrílica azul. O duplo espaço de representação, fotográfico
e pictórico, interroga aqui a natureza do acto criativo face ao suporte e questiona
o papel do artista contemporâneo, transfigurando simultâneamente as fronteiras
tradicionais entre as linguagens.
[R]

Pesquisar Helena Almeida
www.absolutearts.com/artsnews/2001/05/03/28507.html
www.iartes.pt/bienalveneza2005/helena_almeida.htm
www.bes.pt/iipl.asp?srv=1100&ctxnav=28309
www.galerieimtaxispalais.at/ausstellungen/almeida_larocca/almeida_progindex_engl.htm
www.artfacts.net/index.php/pageType/artistInfo/artist/15798
dn.sapo.pt/2005/06/23/artes/helena_almeida_corpo.html

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sábado, abril 15, 2006

VIA DOLOROSA



Por estes dias do final da Quaresma somos assaltados pelas imagens do sofrimento
e morte de Cristo, imagens que marcaram, mais que quaisquer outras, a história da
cultura ocidental.
Esteticizada em nome de Deus, a iconografia sacra da Paixão tornou-se um fenómeno
artístico do passado, exceptuando os casos da representação cinematográfica em que
se continuam a reconstituir narrativas bíblicas, neste caso em nome do negócio.
Se podemos dizer que as artes visuais se libertaram do cristianismo, sendo raros os
artistas contemporâneos que se atrevem a abordar estes temas, o imaginário do
sofrimento não pára de se revitalizar através da mediatização das desgraças e das
misérias, no quotidiano noticioso.
A fotografia, responsável histórica por este fenómeno, tem-nos revelado um mundo
de martírios reais. E quer a fotografia, quer os outros processos mecânicos de registo
e transmissão da imagem, vieram dessacralizar a noção de martírio, mas também o
vieram banalizar perigosamente.
E nisto a nossa civilização judaico-cristã mantém uma pujança apocalíptica.
[R]

Fotografia > Constantino Mouton Osório
> Santarém, Igreja de Santa Iria, Cristo de Montiraz (escultura séc. XIII), c. 1940
(foto © FH/CRO)

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terça-feira, abril 11, 2006

PORTUGAL ULTRAPERIFÉRICO
Trânsito nos centros históricos




Os centros históricos são a alma das cidades. Por isso, como aceitar que os poderes
autárquicos persistam em "vender a alma ao diabo", em troca de supostos benefícios
como a acessibilidade ao comércio ou aos serviços.
Transformados em parques de estacionamento, muitos dos mais notáveis espaços
públicos das cidades portuguesas tornaram-se um pesadelo. Ainda que o trânsito
seja condicionado em certas zonas, todos os recantos acabam por servir para
estacionar os carrinhos e promover a preguiça pedonal.

Évora é um doloroso paradigma, por se tratar de uma cidade-museu, classificada
Património Mundial da Humanidade pela Unesco. Percorrer o seu centro histórico
obriga ao desgastante exercício de entrever a arquitectura com carros.

Os sons intemporais dos corvos que habitam o zimbório e as torres da Catedral de
Évora apenas reforçam a contradição.
[P]

Fotografia > Eduardo Nogueira (1898-1969)
> Sé de Évora, zimbório e torres, déc. 1950 (foto © FH/CRO)
[R]

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domingo, abril 09, 2006

FIM DE SEMANA EM ÉVORA




Duas exposições em Évora: Arte Contemporânea Portuguesa, obras de arte
da colecção Portugal Telecom, no Fórum Eugénio de Almeida (até 23 de Abril), e
Gérard Castello-Lopes em "Homenagem a Henri Cartier-Bresson", no Palácio
D. Manuel (até 30 de Abril).
[P]

Pintura > António Palolo (1946-2000),
> Sem Título, 1999. Colecção Fundação Portugal Telecom

Fotografia > Gérard Castello-Lopes (n. 1925),
> Château d'Ayres, França, 1967.

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quarta-feira, abril 05, 2006

PORTUGAL ULTRAPERIFÉRICO
Ideologia e idealização na "Era Sócrates"




Abundam em Portugal, tanto nos orgãos de informação como na blogosfera,
idealizações à esquerda e à direita, desfasadas do interesse público, centradas em
umbigos ou interesses individuais, grupos ou poderes instalados.
Porém, para que se obtenha alguma justeza na análise das actuais políticas
governativas é indispensável realizar exercícios de comparação entre vários
governos, mais à direita ou mais à esquerda, que nos têm governado nas últimas
décadas: desde os tempos conturbados da revolução, passando pelos anos da
conquista da normalidade democrática, com Soares, os tempos da oportunidade
perdida, com Cavaco, as desilusões da era Guterres, até aos tempos mais recentes
de crises empoladas, artificiais umas, negligenciadas ou convenientes outras.
E é aqui que José Sócrates começa a ganhar aos pontos, governando em tempo de
"vacas magras", sem dramatização, seguindo estratégias inteligíveis e necessárias.

Constatamos que as diferenças esquerda/direita se esbateram através de sucessivos
cortes ideológicos, permanecendo a ideologia a níveis residuais (por vezes apenas
folclóricos), mesmo no discurso político. Porque, como sabemos, as diferenças
ideológicas foram sendo substituídas após a queda do Bloco de Leste, paulatinamente,
por uma ideologia única globalizadora chamada ECONOMICISMO, a que alguns
continuam a chamar capitalismo ou economia de mercado e outros chamam
pragmatismo ou outras coisas lisonjeiras.
Mas se os "ismos" tradicionais não têm resolvido os problemas estruturais do país, se
estamos como estamos, devemos então assumir um falhanço colectivo e abandonar
partidarites inúteis.

Supõe-se que Sócrates entende bem estes fenómenos e procura substituir diferenças
ideológicas por novas formas de tensão, como modernidade vs. conservadorismo, ou
cosmopolitismo vs. localismo. Se formos por este caminho de criatividade e inteligência, poderemos dizer que se iniciou uma nova era.
[R]

Fotografia > José Artur Leitão Bárcea (1871-1945),
> Sem Título, Lisboa, c. 1905 (foto © FH/CRO)

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sábado, abril 01, 2006

FINALMENTE



Dia 3 de Abril, 2.ª Feira, será finalmente assinado o acordo entre o governo de José
Sócrates e o empresário Joe Berardo, documento que prevê a instalação da Colecção
Berardo no CCB, em Lisboa, e a criação de um Museu de Arte Contemporânea.
Sendo ainda desconhecido o conteúdo final do acordo, felicita-se desde já o governo
pela dimensão cultural e estratégica da decisão, abrangendo também a redefinição
de conteúdos culturais do próprio CCB.
Aos comentadores incomodados com as "cedências do estado", dizemos que apenas
os caminhos da internacionalização podem revitalizar Portugal.
Saudações (um pouco menos) ultraperiféricas.
[R]

Pintura > Pablo Picasso (1881-1973), Espanha/França
> Femme dans un Fauteuil, 1929. Colecção Berardo

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