segunda-feira, fevereiro 12, 2007



[PF #6.] -
Sim, Sim
Venceu o Sim! Mas graças a Deus houve umas senhoras e uns senhores que tiveram
a amabilidade de esclarecer que o país está dividido. Por acaso já sabíamos, mas
obrigado na mesma. Se tivesse vencido o Não, o país não estava dividido, mas como
venceu o Sim, está. E estava e estará, dividido entre o séc. XIX e o séc. XXI. Mas
aquelas personagens queirozianas que dão pelo bom nome de senhoras donas
Matildes, Rosários, Marias Josés, Isildas, Laurindas, etc., e aqueles senhores
professores doutores Qualquer-Coisa e Castro, Rebelo Não-Sei-Das-Quantas, etc.,
etc., podem ficar tranquilos: as criadas lá de casa (as que tomam conta das crianças
da família) e os motoristas (os que levam as crianças ao colégio), já para não falar
dessas estudantes que há agora, ou dessas assalariadas que fazem sexo sem
precauções, e de toda aquela nova casta de mulheres sem princípios, que não
cumprem com os preceitos da santa madre igreja, continuarão a ser olhadas e
atendidas com o devido desdém pelos serviços de saúde, sempre que se atreverem
a ir abortar só porque, como dizia o outro, "o cinema estava esgotado". Para que se compenetrem de que não podem comportar-se como umas galdérias pecadoras que
andam por aí armadas em estrangeiras. Sosseguem, minhas senhoras e meus
senhores: continuaremos a ter respeitáveis técnicos de saúde, veneráveis padres
e meritíssimos juízes que se encarregam de zelar pela moral e os bons costumes,
conferindo assim ao nosso egrégio Portugal aquele toque de encanto... tão nosso!
[PF]

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

SIM



Na sequência do anterior referendo à IVG, em 1998, indignada com os eleitores do
seu país, Paula Rego pintou em Londres uma série Untitled, sobre o aborto, que se
mantém muito actual. Porque no referendo do próximo Domingo, 11 de Fevereiro,
a hipocrisia dos abstencionistas poderá voltar a ganhar, somando-se assim à
hipocrisia daqueles que preferem dizer não, uns e outros negando uma evidência
básica: se o aborto vai continuar a existir, é necessário enfrentar o problema,
despenalizando-o.

Pintura > Paula Rego (n.1935), Portugal/Grã-Bretanha
> Untitled, 1998.
[R]

Toda a equipa do Ultraperiférico votará sim, no referendo da IVG (v. depoimentos
breves em adenda) .
[P] [R] [K] [H] [B] [BT] [E] [U] [PF]


[Adenda 1]
Se a vida do embrião é tão vida humana como a da mãe, aplique-se a lei: 25 anos de
prisão por homicídio.
[B]

[Adenda 2]
Sim. Porque aquilo que é contrário à vida é a ausência de verdade e de dignidade.
[K]

[Adenda 3]
O direito à vida não é unilateral.
[U]

[Adenda 4]
Direito à vida JÁ! Prisão perpétua para a pílula do dia seguinte JÁ!
[P]

[Adenda 5]
Defensores da vida, não deixem morrer mais mulheres...
[BT]

[Adenda 6]
Sim, pela responsabilidade de perceber o respeito pela vida.
[E]

[Adenda 7]
Esperemos que vença o direito à vida. Esperemos que vença o direito à vida da
mulher e do casal. Esperemos que não vença a tacanhez medieval.
[PF]

[Adenda 8]
Sim, porque a questão a que somos chamados a responder não é de ordem
religiosa, mas sim de ordem penal e de saúde pública. Não é justo que as
mulheres sejam julgadas em tribunal depois de uma situação penosa e traumática.
Têm sim o direito a serem assistidas em condições que salvaguardem a sua
saúde e que não ponham em causa a possibilidade de continuarem a gerar vida.
[H]

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