terça-feira, janeiro 24, 2006

E AGORA?

É hábito os vencidos guardarem um período de nojo.
Mas quem tem memória do passado de Cavaco, sabe
que não pode "esperar para ver".
O homem preparou-se durante 10 anos para cumprir
a sua ambição. Mas nós, cidadãos da blogosfera, temos
apenas metade do tempo para evitar o 2º mandato.
É preciso começar já!

Abrimos aqui um espaço de reflexão, para que a Esquerda
não volte a fazer asneira. Esperamos o seu contributo.
Ideias, sugestões, comentários.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

CORAGEM, PORTUGUESES!


Anónimo (Angola), Welwitschia Mirabilis, c.1960 (foto FH/CRO)
© Todos os Direitos Reservados

Políticos, jornalistas, votantes em geral, incluindo bloggers
como nós, abstencionistas e outros que tais, todos têm as suas
responsabilidades no desastre eleitoral. Não, não é um semi-
-desastre, estamos mesmo convencidos que o novo presidente
ajudará Portugal a permanecer ultraperiférico.
A menos que...

A propósito da grandeza do estadista Mário Soares, evidente
na sua declação de derrota, registemos o exemplo.

Entretanto, as principais responsabilidades estão à esquerda
de Cavaco e são enormes. A seu tempo falaremos delas.

Saudações ultraperiféricas!

sábado, janeiro 21, 2006

ULTIMATUM

"O povo completo será aquele que tiver reunido no seu
máximo todas as qualidades e todos os defeitos.
Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades".

José de Almada-Negreiros, in "Ultimatum futurista às gerações
portuguesas do século XX", Portugal Futurista, 1917


Em plena 1ª guerra mundial, muitos artistas de vanguarda
reagiam violentamente contra os poderosos de então,
responsabilizando-os pelo estado de crise em que a Europa
mergulhara. Mas como sabemos, desse estado de crise
emergiram oportunidades que o "pensamento europeu"
soube agarrar. Também em Portugal a crise abria promessas.
Fernando Pessoa (através de Álvaro de Campos) e Almada
Negreiros, escreveram ambos os seus violentos Ultimatum,
publicados no Portugal Futurista (1917), exortando os
portugueses a sair da sua periférica letargia.

No Portugal de hoje, passadas nove décadas, a crise é uma
palavra corrente, banalizada pelos media e pelos "mandarins"
que dela se alimentam. Mas não se trata aqui de uma crise
provocada por guerras (pelo menos no sentido convencional),
mas de uma profunda crise de valores culturais e políticos, que
abrange o país inteiro e, particularmente a Esquerda, como fica
demonstrado pelas desastradas estratégias partidárias que
deram início a uma batalha eleitoral entre exércitos fraticidas,
divididos pela ambição, alheados das astutas contagens e
recontagens de espingardas do "grande"adversário, e mais
interessados em ampliar os muros dos seus quintais do que em
travar o retrocesso do país.

Dói, ver que a crise de valores em que nos encontramos
atolados, parece mobilizar poucos. Como se tudo se
resumisse às dificuldades financeiras, ou á capacidade de
aquisição de televisores e frigoríficos.
Dói, ver que a necessidade de um salvador significa que
muitos continuam a demitir-se das suas responsabilidades
individuais, salvando-se a si próprios da mediocridade.
Dói, ver que os valores ideológicos antes debatidos na Europa
e no Mundo foram substituídos pelos valores omnipresentes
do mercado. E que também as artes se mercantilizaram,
tornando-se incapazes de intervir na vida pública, de serem
motores de civilização.

Em dia de reflexão pré-eleitoral, resta acreditar que o tal
"máximo das qualidades e defeitos", não abandone o verdadeiro
estadista da nossa história recente. Acreditar que os exércitos,
enfim reunidos, se concentrem no essencial, questionando o que
andamos todos a fazer por aqui. Acreditar que o povo que somos,
no país que amamos, ainda nos pode surpreender.

Votos sinceros... de boa reflexão! Sejamos "o povo completo"!

terça-feira, janeiro 17, 2006

O DR. ANÍBAL ATACA DE NOVO

Ora cá estamos nós, finalmente, no momento político para o qual o Dr. Aníbal nos foi conduzindo, astuta e aritmeticamente, desde a crise do seu segundo governo. Foi logo nessa altura que o homem começou a preparar-se para ir a Presidente da República, ao fingir retirar-se da vida política, ao fingir dedicar-se exclusivamente à sua tão solenizada carreira académica. Que astúcia! E nós, pobres cidadãos, acreditámos estar por fim libertos da sua figura mumificada, dos seus gestos mumificados, da sua voz mumificada, do seu rosto mumificado.

cavaco_engole_um_sapo.JPG

Mas não. Astuta e aritmeticamente, o homem foi tecendo a teia da sua obsessão: coroar a sua carreira política, chegar a Belém, refugiar-se na sua torre de marfim, longe dos simples mortais que, para ele, somos todos nós, pobres cidadãos. Nada mais lhe interessa. Registem isto: nada mais lhe interessa. Os graves e multiplos problemas do país são-lhe realmente indiferentes. Se assim não fosse, como explicar a sua premeditada ausência, o seu frio alheamento, em tantos momentos penosos que Portugal tem atravessado? Astuta e aritemeticamente, o homem foi introduzindo breves e obsessivamente premeditadas "aparições públicas", breves e obsessivamente premeditadas "declarações", sempre propositadamente inquietantes, para que a sua sebastiânica aura fosse ganhando espessura, para que a sua imprescindibilidade fosse ganhando evidência. E construiu a sua aura. E tornou-se imprescindivel. Vamos tê-lo de novo, e por muito tempo, porque andamos tristes, porque somos ingénuos. Porque ele diz que sabe que Portugal pode vencer. O homem diz que sabe. A sua aura divina, o seu mistério imperial, vão emergindo das brumas da memória. Regredimos até à América Latina? Tudo indica que sim.
Somos ultraperiféricos? Sem dúvida. Ajudàmos todos, e todos vamos continuar a ajudar o Dr. Aníbal a atingir os seus pessoalìssimos objectivos. Acreditem: o homem precisa mesmo de nós.

Saudações ultraperiféricas.