quarta-feira, fevereiro 07, 2007

SIM



Na sequência do anterior referendo à IVG, em 1998, indignada com os eleitores do
seu país, Paula Rego pintou em Londres uma série Untitled, sobre o aborto, que se
mantém muito actual. Porque no referendo do próximo Domingo, 11 de Fevereiro,
a hipocrisia dos abstencionistas poderá voltar a ganhar, somando-se assim à
hipocrisia daqueles que preferem dizer não, uns e outros negando uma evidência
básica: se o aborto vai continuar a existir, é necessário enfrentar o problema,
despenalizando-o.

Pintura > Paula Rego (n.1935), Portugal/Grã-Bretanha
> Untitled, 1998.
[R]

Toda a equipa do Ultraperiférico votará sim, no referendo da IVG (v. depoimentos
breves em adenda) .
[P] [R] [K] [H] [B] [BT] [E] [U] [PF]


[Adenda 1]
Se a vida do embrião é tão vida humana como a da mãe, aplique-se a lei: 25 anos de
prisão por homicídio.
[B]

[Adenda 2]
Sim. Porque aquilo que é contrário à vida é a ausência de verdade e de dignidade.
[K]

[Adenda 3]
O direito à vida não é unilateral.
[U]

[Adenda 4]
Direito à vida JÁ! Prisão perpétua para a pílula do dia seguinte JÁ!
[P]

[Adenda 5]
Defensores da vida, não deixem morrer mais mulheres...
[BT]

[Adenda 6]
Sim, pela responsabilidade de perceber o respeito pela vida.
[E]

[Adenda 7]
Esperemos que vença o direito à vida. Esperemos que vença o direito à vida da
mulher e do casal. Esperemos que não vença a tacanhez medieval.
[PF]

[Adenda 8]
Sim, porque a questão a que somos chamados a responder não é de ordem
religiosa, mas sim de ordem penal e de saúde pública. Não é justo que as
mulheres sejam julgadas em tribunal depois de uma situação penosa e traumática.
Têm sim o direito a serem assistidas em condições que salvaguardem a sua
saúde e que não ponham em causa a possibilidade de continuarem a gerar vida.
[H]

Etiquetas: ,

4 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Eis algumas das alarvidads difundidas pelos defensores da criminalização da IVG, apresentadas, no caso, pela Drª Isilda Pegado, presidente da Federação Portuguesa pela Vida, na revista Passos (de tendência doutrinadora católica), numa auto-entrevista:
Considera Isilda que o que "verdadeiramente envergonha, usa, destrói e atenta contra a dignidade das mulheres é o julgamento em praça pública que tem sido feito pelos defensores da liberalização(..) que montam "circos" à porta dos tribunais". Eu acrescentaria que a Comunicação Social também deveria estar caladinha, para não contribuir para o circo.

E continua: "Pergunta: Mas a lei assim como está não tem quaisquer efeitos?; R: Pelo contrário, o primeiro objectivo de uma lei não é sancionar ou castigar. O fim mais nobre de uma lei e da pena que a acompanha é evitar, dissuadir da prática de um acto considerado errado. E isso a lei tem feito. Muitas são as crianças que nascem porque o aborto é proibido". ALTO, ALTO...Terei lido bem??? Releio e não há dúvidas - o argumento é esse. Uma mulher colocada perante uma situação que é sempre traumática e complexa, acaba por suspender o pensamento e o acto porque a lei fala mais alto. Valham-me todos os santos, como é possível ser-se tão hipócrita? Esta é quase tão boa como a do Marcelo, que diz que a lei evita que as mulheres façam abortos porque lhes apetece, sei lá!

Prossigamos na leitura: "P: Mas esta lei obriga as mulheres a recorrerem ao aborto clandestino com os perigos que traz para a saúde destas?" Ora, ora, disparate de questão. A própria entrevistadora/entrevistada trata logo de descartar o problema, dizendo que não faz qualquer sentido, o que faz sentido é colocar a questão entre "aborto ou maternidade". Isso é que interessa, agora se é clandestino ou não, isso não é para aqui chamado. Pelos vistos os defensores da vida borrifam-se em grande estilo para a mesma, esquecendo que é precisamente nos hospitais que se resolvem situações pelo não-aborto (não na parteira de vão de escada) e que é lá que se salvam vidas.A não ser que uma mulher não seja considerada vida humana.
(Continua)...infelizmente.

07 fevereiro, 2007 20:39  
Blogger Unknown escreveu...

a minha pequena colaboração e opinião sobre o referendo poderá ser vista em: http://loucomotiva.blog.com

votar é acima de um direito um dever.
Jorge Garcia Pereira

07 fevereiro, 2007 23:28  
Blogger bettips escreveu...

Por tudo isto e mais coisas que as mulheres sabem, em íntimo saber, ficaram entre a espada e a parede, com uma maioria de SIM. Hoje, domingo de chuva. Onde a Igreja pregou os seus pecados, poucos assumiram. Não é um país livre de fantasmas mas pelo menos marcamos uma posição! Abç

12 fevereiro, 2007 02:31  
Anonymous Anónimo escreveu...

A sensação que tenho, Bettips, pessoalmente, é a de termos saído da Idade Média, pelo menos no que toca à ideia de pecado, associado sobretudo às mulheres (frágeis, levianas, pecadoras...).
Falta ainda mexer noutros campos, e talvez esta vitória do sim seja um sinal de que uma parte da sociedade portuguesa já se encontra preparada para novas caminhadas, contra a hipocrisia dos "bons costumes".

12 fevereiro, 2007 03:32  

Enviar um comentário

<< Home