SUMMERTIME

Andávamos há uns tempos com esta ideia na cabeça: dar um passeio pelo extremo
sul da costa alentejana e ficar um dia inteiro na Praia do Brejão, mais conhecida por
Praia da Amália. E foi assim que no Verão passado um grupo de madrugadores partiu
Alentejo fora, a caminho da praia dela.
À chegada, pegámos em farnéis e geleiras e lá iniciámos a descida através de densa
vegetação entre um riacho e a propriedade agora abandonada que pertenceu a
Amália. Através dos arbustos, vislumbrava-se a casa, ainda com as flores grandes
de cores garridas que ela própria pintou, aqui e ali, no branco das paredes. Mais
abaixo, junto à falésia, a azenha onde ela costumava sentar-se quando passeava por
aquela paisagem soberba. A partir daí, a descida faz-se pelos degraus que ela mandou
construir até ao areal.
Abandono e lixo acumulado mostram como naquele sítio quase tudo mudou. Até
a praia que parece ter sido, digamos, paradisíaca, tinha agora um aspecto desleixado,
com mais gente que o previsto, e sobretudo com muito lixo. Mesmo assim demos
uns bons mergulhos naquelas águas magníficas e saboreámos um lauto piquenique
na areia à sombra de uma rocha.
Tínhamos feito questão de levar champanhe no farnel. De maneira que depois do
último mergulho, subimos o mesmo carreiro sinuoso no meio do emaranhado da
vegetação e fomos sentar-nos no alto das falésias sobre o mar.
Ao pôr-do-sol abrimos a garrafa de champanhe e fizémos um brinde a Amália.
Em honra de Amália, nascida (oficialmente) a 23 de Julho 1920.
(v. também 1 de Julho)
[P]
[Adenda > 2.8.2007]
Aviso aos numerosos pesquisadores do Google, em busca de Praia da Amália:
Não vos passe pela cabeça partir de viagem sem ouvir Summertime, interpretado
pela própria Amália, basta carregar num pequeníssimo botão abaixo da imagem.
A todos desejamos boa praia! E não esquecer, deitar o lixo no lixo.
[R]
Fotografia > José M. Rodrigues (n. 1954), Portugal
> Praia da Amália, 2006 (foto © José M. Rodrigues, cortesia do autor)
[R]
Voz > Amália Rodrigues (1920-1999), Portugal
Música > George Gershwin (1898-1937), EUA
> Summertime, in "Amália na Broadway" (1965), orquestra de Norrie Paramor,
ed. Valentim de Carvalho, 1985
(> v. Summertime > v. G. Gershwin)
[H]

Andávamos há uns tempos com esta ideia na cabeça: dar um passeio pelo extremo
sul da costa alentejana e ficar um dia inteiro na Praia do Brejão, mais conhecida por
Praia da Amália. E foi assim que no Verão passado um grupo de madrugadores partiu
Alentejo fora, a caminho da praia dela.
À chegada, pegámos em farnéis e geleiras e lá iniciámos a descida através de densa
vegetação entre um riacho e a propriedade agora abandonada que pertenceu a
Amália. Através dos arbustos, vislumbrava-se a casa, ainda com as flores grandes
de cores garridas que ela própria pintou, aqui e ali, no branco das paredes. Mais
abaixo, junto à falésia, a azenha onde ela costumava sentar-se quando passeava por
aquela paisagem soberba. A partir daí, a descida faz-se pelos degraus que ela mandou
construir até ao areal.
Abandono e lixo acumulado mostram como naquele sítio quase tudo mudou. Até
a praia que parece ter sido, digamos, paradisíaca, tinha agora um aspecto desleixado,
com mais gente que o previsto, e sobretudo com muito lixo. Mesmo assim demos
uns bons mergulhos naquelas águas magníficas e saboreámos um lauto piquenique
na areia à sombra de uma rocha.
Tínhamos feito questão de levar champanhe no farnel. De maneira que depois do
último mergulho, subimos o mesmo carreiro sinuoso no meio do emaranhado da
vegetação e fomos sentar-nos no alto das falésias sobre o mar.
Ao pôr-do-sol abrimos a garrafa de champanhe e fizémos um brinde a Amália.
Em honra de Amália, nascida (oficialmente) a 23 de Julho 1920.
(v. também 1 de Julho)
[P]
[Adenda > 2.8.2007]
Aviso aos numerosos pesquisadores do Google, em busca de Praia da Amália:
Não vos passe pela cabeça partir de viagem sem ouvir Summertime, interpretado
pela própria Amália, basta carregar num pequeníssimo botão abaixo da imagem.
A todos desejamos boa praia! E não esquecer, deitar o lixo no lixo.
[R]
Fotografia > José M. Rodrigues (n. 1954), Portugal
> Praia da Amália, 2006 (foto © José M. Rodrigues, cortesia do autor)
[R]
Voz > Amália Rodrigues (1920-1999), Portugal
Música > George Gershwin (1898-1937), EUA
> Summertime, in "Amália na Broadway" (1965), orquestra de Norrie Paramor,
ed. Valentim de Carvalho, 1985
(> v. Summertime > v. G. Gershwin)
[H]
Etiquetas: Amália, George Gershwin, José M. Rodrigues, música
19 Comentários:
Mais um excelente post com uma excelente fotografia do José Manuel Rodrigues
Pois ... o espelho do país que é o nosso ... este abandono.
Mas brindo convosco, para que, com as nossas palavras, ajudemos a mudar.
"(...)One of these mornings
Youre goin to rise up singing
Then you'll spread your wings
And you'll take the sky
But till that morning
There's a nothin can harm you
With daddy and mammy standin by"
(George e Ira Gershwin/Du Bose Heyward)
Belo...
Amália merece o melhor, a Natureza de Amália é sempre parte da "nossa" natureza.
Até sempre!
Madalena Lello:
De José M. Rodrigues vejo aquela capacidade de quem muito sabe olhar, e a intuição que transforma um momento determinado ou um acontecimento numa outra coisa que está sempre além.
E obrigado pelo seu comentário.
Mena,
Há em Portugal dificuldades atávicas em conviver com os nossos mitos culturais e, no caso de Amália, com a dimensão universal da sua voz. Brindemos então.
Bala,
"Summertime,
And the livin' is easy
Fish are jumpin'
And the cotton is high
Your daddy's rich
And your mamma's good lookin'
So hush little baby
Don't you cry."
Vamos fazer um dueto?
Podemos intuir o que seja na voz de Amália a expressão de uma natureza colectiva, qualquer coisa que de tão portuguesa é mais que portuguesa. Foi certamente por isso que a sua voz chegou a tantos povos diferentes.
Também nós merecemos o melhor, e isto seria, entre muitas outras coisas, saber merecer Amália.
Tempo de verão,
a imaginar "com que voz".
A amizade e as ondas à volta da AMÁLIA
e nós perdidos no seu génio espalhado no Mar. Tão grande...
Patas
Sim, "Propra"
Fazemos um dueto e assim faremos também uma ponte com o post anterior.
Je
Amigo,
Tenho algo a dar-lhe mas tem de ir a minha casa, se não se importa.
ainda não tinha ouvido esta versão do Gershwin cantada pela Amália, um mimo!
já agora, como se põem aqueles botões pequeninos para on/off da música ?
Patas,
Dizes bem, e eu penso tal qual. Lembrei-me de José Régio. Ele escreveu assim:
"O fado nasceu um dia
Quando o vento mal bulia
E o céu o mar prolongava,
Namorada de um veleiro
No peito de um marinheiro
Que estando triste cantava".
Ela cantou isto e, a propósito de José Régio, disse: "ele adivinhou a minha maneira de cantar. No fundo, ele fez música para mim".
Abraço.
Absolutamente fascinante, a mágica voz de Amália a cantar o Porgy and Bess. Não conhecia e não resisto a roubar a ideia para o meu blog
(quem confessa não merce castigo, e prometo dizer onde fui buscar...)
Parabéns pelo bom gosto geral do blog, e deste post em particular.
AV
Volto para a humilhação máxima: não consigo roubar o Summertime da Amália, nem o encontro na net. Será que me podem dizer como fazê-lo?? Esta é inédita, confessem lá...
Ana
AV:
Obrigado, antes de mais, pelos seus comentários. Quanto a "roubar" o "nosso" Summertime, julgo não ser possível fazê~lo directamente a partir do Ultraperiférico, dado que a gravação não foi obtida através de um servidor público.
De qualquer modo, como pode ver na legenda do post, o disco foi lançado em 1985, contendo sete canções em inglês, e encontra-se reeditado recentemente em CD. Num post de 1 de Julho editámos outra dessas canções (o arrepiante "Who Will Buy"), pelo mesmo processo.
Confessando total "nabice" quanto a alojamentos e codificações, apenas lhe posso sugerir que contacte o nosso especialista na matéria - o sapientíssimo H - através do endereço de e-mail do próprio (v. link no início da barra lateral). Estou certo que ele a auxiliará a levar a voz universal de Amália até à sua porta do vento.
Abraço.
Obrigada pelo 3 a zero, demolidor e muito simpático.
Vou ao guru, então.
abraço
ana
... Ah, não seria justo deixar de saudar a vossa bela iniciativa. Pego no meu copo de plástico e associo-me ao brinde. Quanto à diva, já a roubei!
bjs
ana
É bem vinda ao brinde, Ana. Posso garantir que o plástico é da melhor qualidade, tal e qual o seu "roubo". Sabia que Amália adora(va) piqueniques?
Tchim-tchim!
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