[citação 08]
COM O CORRER DOS ANOS

> Montanha de Flores, 1988-2003 > fotografia de Victor Simões
"Mesmo depois de murchas, as pétalas de um ramo de Malvas que vão diariamente
caindo e que ela diáriamente compõe, desenham-lhe há já catorze anos uma
montanha de flores", escreveu Manuel Zimbro a propósito desta obra de Lourdes
Castro, apresentada pela primeira vez em "Além da Sombra" (Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1992) e, mais recentemente, em "Sombras à Volta de um Centro"
(Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, 2003).
O Ultraperiférico considera esta instalação uma das obras mais marcantes da arte
portuguesa contemporânea.
[P]
Lembranças do Ultraperiférico para >> Lourdes Castro <<.
[P]/[R]
[Adenda > 11.9.2006]
O registo fotográfico desta instalação de Lourdes Castro não faz (talvez nem pudesse
ter feito) inteira justiça à imagem que permanece na memória:
Uma sala escura, um único foco de luz sobre um ramo de malvas vermelhas colocado
num cilindro/jarra de vidro, com pétalas caídas em redor, assente num suporte/mesa
quadrado, de vidro transparente, através do qual se projectam num plano inferior
paralelo, de vidro negro, sombras e reflexos da "Montanha de Flores".
Com esta simplicidade de meios, Lourdes Castro obteve um objecto plásticamente
complexo e surpreendente, uma espécie de paisagem insular, efémera, em levitação, simultâneamente viva e ilusória. Trata-se afinal da materialização sinóptica das
"Sombras à Volta de um Centro", sintetizando também todo o seu percurso artistico,
ou apenas de um momento, lírico e onírico, de transfiguração do quotidiano.
[R]
COM O CORRER DOS ANOS

“ Com o correr dos anos, observei que a beleza, tal como
a felicidade, é frequente. Não se passa um dia em que não
estejamos, um instante, no paraíso.”
Citação > Jorge Luis Borges (1893-1986), Argentina
> in Os Conjurados (excerto do Prólogo), ed. Difel, Lisboa, 1985
> Montanha de Flores, 1988-2003 > fotografia de Victor Simões
"Mesmo depois de murchas, as pétalas de um ramo de Malvas que vão diariamente
caindo e que ela diáriamente compõe, desenham-lhe há já catorze anos uma
montanha de flores", escreveu Manuel Zimbro a propósito desta obra de Lourdes
Castro, apresentada pela primeira vez em "Além da Sombra" (Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1992) e, mais recentemente, em "Sombras à Volta de um Centro"
(Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, 2003).
O Ultraperiférico considera esta instalação uma das obras mais marcantes da arte
portuguesa contemporânea.
[P]
Lembranças do Ultraperiférico para >> Lourdes Castro <<.
[P]/[R]
[Adenda > 11.9.2006]
O registo fotográfico desta instalação de Lourdes Castro não faz (talvez nem pudesse
ter feito) inteira justiça à imagem que permanece na memória:
Uma sala escura, um único foco de luz sobre um ramo de malvas vermelhas colocado
num cilindro/jarra de vidro, com pétalas caídas em redor, assente num suporte/mesa
quadrado, de vidro transparente, através do qual se projectam num plano inferior
paralelo, de vidro negro, sombras e reflexos da "Montanha de Flores".
Com esta simplicidade de meios, Lourdes Castro obteve um objecto plásticamente
complexo e surpreendente, uma espécie de paisagem insular, efémera, em levitação, simultâneamente viva e ilusória. Trata-se afinal da materialização sinóptica das
"Sombras à Volta de um Centro", sintetizando também todo o seu percurso artistico,
ou apenas de um momento, lírico e onírico, de transfiguração do quotidiano.
[R]
Etiquetas: [citações 01-10], Jorge Luis Borges, Lourdes Castro
17 Comentários:
É, de facto, belíssima! E a LC muito mal conhecida.
E o Ultraperiférico um blogue diferente, com um excelente trabalho, que visito assiduamente...
As minhas saudações.
Caro CSA:
Concordo que Lourdes Castro é pouco divulgadas em Portugal, sendo uma das raras figuras da arte portuguesa reconhecida internacionalmente (mas creio que ela não se importa nada com isso). Graças à blogosfera, talvez nos caiba a nós, que admiramos a sua obra, acrescentar alguma coisa áquilo que já foi feito por algumas instituições e editores.
Gratos pelas suas palavras.
Abraços.
Parabéns e Obrigada plo seu Blog!
Abençoado Jorge Luís Borges que eternamente nos recordará destase doutras verdades primordiais... para todos nós, atrevo-me a dizer!
Até Sempre
Aprecio muito o trabalho de Lourdes Castro. E esse é, sem dúvida, um dos meus preferidos. Só uma nota, esperando que não me levem a mal. Onde está «podesse» talvez devesse estar «pudesse». Saúde,
Talvez devesse? Obrigado, Henrique, pela correcção.
Obrigado, Aldina. Estamos de acordo consigo.
Por causa da Lourdes Castro acabei de queimar o jantar. Não me vais bater portanto posso confessar que sou uma ignorante e nunca tinha ouvido falar nesta artista. Fiquei curiosa e andei esquecida pela Internet à procura de informação sobre ela. Fiquei a saber algumas coisas e gostava de saber mais. O Ultraperiferico leva-me para campos que desconheço, o que é bom.
gosto de todas as (poucas) obras que conheço desta artísta, que, salvo erro descobri no CAM da FCG, com uma obra de um lençol bordado com o perfil/contorno de uns corpos (?)... foi há muitos anos, aí por volta de 1986 (?)
mas sempre que ouço falar, fico "atento"
Maria:
Assim numa síntese rápida, Lourdes Castro, hoje com 75 anos, tem trabalhado em torno das sombras e dos contornos dos objectos, incluindo os do próprio corpo. O seu trabalho chegou mesmo a influenciar internacionalmente outros artistas e, ainda hoje, alguns exercícios plásticos realizados nas escolas continuam a explorar as sombras a partir da sua obra.
Além da pintura e do desenho, a artista utilizou outroa materiais, como recortes de plexiglas, e trabalhou a sombra em movimento no seu Teatro de Sombras, de influência oriental.
Uma das últimas exposições de LC, em 2003 no CAM/FCG, apresentou o "Grande Herbário de Sombras", um conjunto de obras realizado em 1972 na ilha da Madeira, com sombras obtidas por contacto de plantas e flores sobre papel heliográfico (sensível à luz).
Tendo vivido desde 1957 no estrangeiro, LC reside na Madeira desde o início da década de 1980.
(PS: a palavra Lourdes no post, tem link para uma biografia essencial, em formato PDF, incluída no site do CAM).
AM (António Machado):
Os lençois que refere, foram bordados pela artista na década de 60 com um ponto creio que característicamente madeirense, não apenas recuperando uma tradição feminina de enxoval, mas também uma das artes decorativas tradicionais caída em desuso. O resultado, um bordado das linhas de contorno do corpo (ou corpos) deitados sobre a cama, resulta em obras contemporâneas que contrariam a habitual verticalidade dos quadros, isto é, tornam próximos a arte e o quotidiano.
Além dos lençois LC desenhou também para a indústria textil (Fundação Woolmark) cobertores com corpos deitados.
O poder da simplicidade
E a grandeza da simplicidade, que apenas a sabedoria, o despojamento e o arrojo tornam possíveis.
Cinismo à parte, é com estas imagens e citações tão bonitas e generosas que o ultraperiférico continua a ser o blog fantástico que todos adoramos.
Obrigado!
Com estes dois pedaços de beleza - o de Lurdes Castro e o de Jorge Luis Borges - já compus o meu momento de paraíso do dia.
Obrigada
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.
Eugénio de Andrade.
Parabens pelos 9 meses.
Marga
Onde diz 9, queria dizer 8.
Fico a aguardar pelos 9.
Marga
Marga:
Felizmente há poetas que nos dizem coisas luminosas, essenciais. Eugénio de Andrade, neste caso, lembra-nos também coisas urgentes.
Gratos pela lembrança dos 8 meses, a caminho dos 9.
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