sábado, julho 15, 2006

NOZOLINO



Paulo Nozolino (n.1955) vai receber este ano o Prémio Nacional de Fotografia.
Trata-se de um prémio de carreira, bienal, que foi criado em 1999 pelo Ministério da
Cultura/CPF, tendo sido atribuído nas duas anteriores edições aos "históricos" Victor
Palla (1922-2006), em 1999, e Fernando Lemos (n.1926), em 2001.
Registe-se que desta vez o prémio distingue (após um interregno de cinco anos), um
artista de geração mais recente, mantendo como motivação destacar autores com obra fotográfica de carácter inovador e sentido experimental.
[R]

[Adenda]
Sobre a pertinência dos prémios e sobre "fotógrafos artistas" ou "artistas fotógrafos"
ver aqui.

[Adenda > 17.07.06]
Seguindo os conselhos do refrescante Adufe, passamos a aconselhar um click na
fotografia de Paulo Nozolino.
E a propósito de Nozolino, será que o calor destes dias amoleceu a blogosfera a tal
ponto que até nos impede de congratularmos o fotógrafo pelo reconhecimento
nacional do seu notável percurso artístico?

Fotografia > Paulo Nozolino (n.1955)
> Lagos, 1979 (Col. Encontros de Fotografia/CAV, Coimbra)

A fotografia deste post, diferente das imagens de negros profundos a que Nozolino
nos habituou, assinala a fase inicial da carreira do autor e, simultâneamente,
os
célebres Encontros de Fotografia de Coimbra, que na sua primeira edição, em 1980,
o lançaram públicamente numa exposição colectiva.

[R]

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11 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Vou talvez ser um bocado radical, mas a quem é que interessam estes prémios ?
Estamos condenados a esta dicotomia ?
"artistas fotográficos" distinguidos na estratosfera e "amadores parolos" enfiados nos sites do "povo" ?

15 julho, 2006 21:13  
Anonymous Anónimo escreveu...

Caro Mário:
Esta coisa dos prémios é uma boa discussão. Sendo certo que o fenómeno é mais ao menos universal, podemos sempre pensar que premiar é uma forma de os poderes consagrarem referências para o grande público. Mas para quem recebe o prémio a questão económica não é coisa pouca, um apoio sempre merecido quando merecido.
Quanto à questão dos "artistas fotógrafos" ou dos "fotógrafos artistas", uso a bitola do meu gosto pessoal. No caso presente, quer em relação a Nozolino, quer aos premiados que o precederam, todos são fotógrafos da minha predilecção. Melhor dizendo, são fotógrafos cujo imaginário me acompanha e que por isso me pertencem.
No que diz respeito aos fotógrafos que receberam outros prémios de relevância nacional, o Prémio Pessoa a José M. Rodrigues e o Prémio BESPhoto a Helena Almeida e a José Luis Neto, eu diria exactamente a mesma coisa.
Ainda que outros fotógrafos fossem merecedores de prémios, e há muitos, o que eu pessoalmente desprezo são os caçadores de taças e menções, os salonistas que fazem dessa actividade um modo de vida. Mas mesmo a estes, quando históricamente (e também talvez sociológicamente) enquadrados, vale a pena lançar um olhar atento.
A dicotomia de que o Mário fala talvez exista (com sectarismos e tal), mas a menos que se regeite em bloco todo o tipo de reconhecimento público, não vejo que um prémio seja humilhante para os não premiados.

15 julho, 2006 21:54  
Anonymous Anónimo escreveu...

Em resposta aos comentários de Roteia posso dizer que às vezes pode ser realmente humilhante para os não premiados.Principalmente quando se sabe que o nosso trabalho é bom (ou pelo menos com algo mais de qualidade que os outros)mas que isso não é importante, pois os prémios já estão previamente atribuidos. MAs não deixo de estar de acordo com o resto do comentário.

16 julho, 2006 13:18  
Anonymous Anónimo escreveu...

Bom, o meu desabafo radical não era uma recusa dos prémios em si. Prémios como esses são atribuidos a muito poucos fotógrafos e já vêm consagrar um longo percurso. A minha questão tinha mais a ver com a forma como os fotógrafos podem obter reconhecimento do seu trabalho no "dia-a-dia". Através de exposições ou publicações é a forma mais "comum" de o fazer, mas como a tradição não está muito divulgada, a maior parte acaba por fazer apenas parte de sites de partilha de fotografias ou exposições em bares e restaurantes.
Acho que deve haver "vida" para além disto, mas se há não encontrei ainda o mapa (e muitos outros).

16 julho, 2006 15:50  
Anonymous Anónimo escreveu...

Mário:
De novo um comentário que levanta questões pertinentes. O que acontece em Portugal é que os circuitos de divulgação de autores, sendo cada vez mais numerosos, são ainda insuficientes. E a área editorial é mesmo de uma pobreza confrangedora. Do lado da investigação, visto que o campo da fotografia é muito vasto, falta também quem sistematize e estude autores e obras. E no meio disto tudo faltam também autores ousados e com sentido de projecto.
Quando os autores têm "pernas para andar", creio que a solução passa pela criação de espaços alternativos de carácter associativo, coisa que em Portugal, ultraperiféricamente individualista, tem fraca tradição.

17 julho, 2006 02:17  
Anonymous Anónimo escreveu...

Anónimo:
O meu ponto de vista é que o sucesso alheio e a qualidade alheia só nos podem merecer atenção. Em fotografia como nas outras artes. Como em qualquer profissão ou área de conhecimento.
De resto, não sei o que sejam "prémios que já estão préviamente atribuídos", tendo em conta a diversidade de pessoas ou instituições que atribuem esses prémios. Porque existe consenso nos membros do júri? Porque existe compadrio?

17 julho, 2006 02:36  
Anonymous Anónimo escreveu...

As Cameras municipais têm espaços expositivos (a exposição colectiva do BZK foi feita após apresentação de projecto à galeria da Torre de Belém) que podem ser utilizados de uma forma mais útil do que as galerias comerciais (que têm um objectivo de sobrevivência monetária que não se compadece com vendas inexistentes ou diminutas).

17 julho, 2006 21:05  
Anonymous Anónimo escreveu...

Quanto à area editorial, acho que um autor pode começar por auto-edição (nomeadamente através de serviços como o www.lulu.com) porque dessa forma dá a conhecer o seu trabalho de uma forma mais coerente sem se arruinar.

17 julho, 2006 21:13  
Anonymous Anónimo escreveu...

O problema das galerias municipais é que na sua quase totalidade, não possuem projecto próprio (direcção artística, programadores, meios de produção adequados). Aparecer só por aparecer, é sempre empobrecedor para qualquer artista. Não compete às autarquias dirigir galerias como se de um agente cultural se tratasse. Compete-lhes sim, disponibilizar meios, e eventualmente albergar a médio prazo, projectos consistentes.

18 julho, 2006 01:50  
Anonymous Anónimo escreveu...

O papel delas é efectivamente esse, mas penso que se o projecto do autor estiver bem pensado (não ser só um mix de fotos) não há mal nenhum em ser exposto. Acho que pode ser problemático esperar por esses programadores (que provávelmente as cameras não poderão custear).
Mas há cursos que fazem a preparação desses programadores, onde é que eles estão depois de formados ?

18 julho, 2006 09:38  
Blogger Rui MCB escreveu...

A imagem é muito refrescante, sem dúvida!

18 julho, 2006 10:07  

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