ESTA MADRUGADA, EM LISBOA
1974
Comemorações da Revolução dos Cravos . Ultraperiférico
2009
Na montra de uma loja de flores, à saída do Bairro Alto, há um cravo gigante feito de um molho de cravos vermelhos, e há uma jarra com um regador de cravos vermelhos. Os cravos não saem do cano de uma arma, mas saem do cano de um regador. A loja Flower Power merece destaque pela sabedoria simbólica do trabalho de Carlos Filipe. Também lá dentro, na semi obscuridade, há molhos de cravos vermelhos e imagens da Revolução, vídeo-projectadas na parede de fundo.
Enquanto isto, o Presidente da República apresentar-se-à certamente nas cerimónias comemorativas do 25 de Abril sem cravo na lapela, isto é, rejeitando uma vez mais o ícone de uma época e de um país. Cavaco não compreendeu ainda que o cravo vermelho é bem mais do que um símbolo passageiro e que este símbolo lhe sobreviverá. Nem compreendeu que na sua ilustre lapela preside afinal uma ausência, de sentido histórico e simbólico. Satisfeitos, de mentes quadradas, alguns senhores à esquerda como à direita, uns porque não reconhecem Cavaco como legítimo portador do ícone que consideram apenas seu, outros reconhecidos por Cavaco não manchar de "encarnado" a sua presidência. Uns e outros desprezando a universalidade, poética e estética, da flor que deu nome a uma revolução.
E já lá vão 35 anos.
[R]
1974
Comemorações da Revolução dos Cravos . Ultraperiférico
2009
Na montra de uma loja de flores, à saída do Bairro Alto, há um cravo gigante feito de um molho de cravos vermelhos, e há uma jarra com um regador de cravos vermelhos. Os cravos não saem do cano de uma arma, mas saem do cano de um regador. A loja Flower Power merece destaque pela sabedoria simbólica do trabalho de Carlos Filipe. Também lá dentro, na semi obscuridade, há molhos de cravos vermelhos e imagens da Revolução, vídeo-projectadas na parede de fundo.
Enquanto isto, o Presidente da República apresentar-se-à certamente nas cerimónias comemorativas do 25 de Abril sem cravo na lapela, isto é, rejeitando uma vez mais o ícone de uma época e de um país. Cavaco não compreendeu ainda que o cravo vermelho é bem mais do que um símbolo passageiro e que este símbolo lhe sobreviverá. Nem compreendeu que na sua ilustre lapela preside afinal uma ausência, de sentido histórico e simbólico. Satisfeitos, de mentes quadradas, alguns senhores à esquerda como à direita, uns porque não reconhecem Cavaco como legítimo portador do ícone que consideram apenas seu, outros reconhecidos por Cavaco não manchar de "encarnado" a sua presidência. Uns e outros desprezando a universalidade, poética e estética, da flor que deu nome a uma revolução.
E já lá vão 35 anos.
[R]
9 Comentários:
Um ABRAÇO HOJE!
Muitos cravos unidos formam um cravo gigante. Obrigado.
Quero fazer parte do teu molho. SEMPRE!
Éstá bem, Maria. Estás contratada.
E uma Galega de nascimento, mas Portuguesa de sentimento, pode pôr mais um cravo vermelho, para fazer parte desse cravo gigante?
Não conheço nada que tenha mais força que um gesto generoso e belo. Que uma luso-galega junte o seu cravo a este molho agiganta-o mais ainda. Obrigado, Pilar.
Rui,
Voltei aqui e encontrei-me com o deslumbramento de sempre. É bom voltar a casa!
Abraços
Armandina
http://barrigadealuguer-mam.blogspot.com/
E não detectou nem um pingo de ironia nessa de meter os cravos vermelhos a "entupir" o regador, pergunto eu?
A "entupir" ou a "jorrar"?
Quanto à ironia, é coisa sem consistência poética, diria Rilke e digo eu.
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