sábado, abril 25, 2009

ESTA MADRUGADA, EM LISBOA



1974
Comemorações da Revolução dos Cravos . Ultraperiférico
2009

Na montra de uma loja de flores, à saída do Bairro Alto, há um cravo gigante feito de um molho de cravos vermelhos, e há uma jarra com um regador de cravos vermelhos. Os cravos não saem do cano de uma arma, mas saem do cano de um regador. A loja Flower Power merece destaque pela sabedoria simbólica do trabalho de Carlos Filipe. Também lá dentro, na semi obscuridade, há molhos de cravos vermelhos e imagens da Revolução, vídeo-projectadas na parede de fundo.

Enquanto isto, o Presidente da República apresentar-se-à certamente nas cerimónias comemorativas do 25 de Abril sem cravo na lapela, isto é, rejeitando uma vez mais o ícone de uma época e de um país. Cavaco não compreendeu ainda que o cravo vermelho é bem mais do que um símbolo passageiro e que este símbolo lhe sobreviverá. Nem compreendeu que na sua ilustre lapela preside afinal uma ausência, de sentido histórico e simbólico. Satisfeitos, de mentes quadradas, alguns senhores à esquerda como à direita, uns porque não reconhecem Cavaco como legítimo portador do ícone que consideram apenas seu, outros reconhecidos por Cavaco não manchar de "encarnado" a sua presidência. Uns e outros desprezando a universalidade, poética e estética, da flor que deu nome a uma revolução.
E já lá vão 35 anos.
[R]

9 Comentários:

Blogger bettips escreveu...

Um ABRAÇO HOJE!

25 abril, 2009 20:01  
Anonymous Roteia escreveu...

Muitos cravos unidos formam um cravo gigante. Obrigado.

25 abril, 2009 21:39  
Anonymous Maria escreveu...

Quero fazer parte do teu molho. SEMPRE!

28 abril, 2009 17:40  
Anonymous Roteia escreveu...

Éstá bem, Maria. Estás contratada.

28 abril, 2009 20:02  
Anonymous pilar escreveu...

E uma Galega de nascimento, mas Portuguesa de sentimento, pode pôr mais um cravo vermelho, para fazer parte desse cravo gigante?

05 maio, 2009 13:33  
Anonymous Roteia escreveu...

Não conheço nada que tenha mais força que um gesto generoso e belo. Que uma luso-galega junte o seu cravo a este molho agiganta-o mais ainda. Obrigado, Pilar.

06 maio, 2009 02:08  
Blogger armandina maia escreveu...

Rui,

Voltei aqui e encontrei-me com o deslumbramento de sempre. É bom voltar a casa!

Abraços
Armandina
http://barrigadealuguer-mam.blogspot.com/

11 maio, 2009 19:39  
Anonymous c. escreveu...

E não detectou nem um pingo de ironia nessa de meter os cravos vermelhos a "entupir" o regador, pergunto eu?

25 maio, 2009 15:29  
Anonymous Roteia escreveu...

A "entupir" ou a "jorrar"?
Quanto à ironia, é coisa sem consistência poética, diria Rilke e digo eu.

25 maio, 2009 19:36  

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