terça-feira, fevereiro 24, 2009

O MESTRE



Lagoa Henriques (1923-2009), professor de desenho da Escola de Belas Artes de Lisboa, marcou sucessivas gerações de artistas plásticos. A paixão com que se exprimia e a capacidade para alargar o sentido do acto de desenhar, tornaram-no um mestre único. Em plena aula, gostava de citar os seus mestres preferidos: Almada
("a poesia é um acto vitalício") e Pessoa ("sê todo em cada coisa, põe quanto és no mínimo que fazes"). Insistia na expressividade do traço, nos eixos que estruturam a figura, no imprevisto que se solta sobre a página, na formação de um olhar exigente. Por vezes interrompia a sua aula de modelo e chamava à janela os jovens aspirantes a artistas para que olhassem o "lá fora", para que tomassem sempre como exemplo o espectáculo deslumbrante da cidade e da natureza. Está tudo aí, "já está tudo feito".
E disse: "O grande problema do nosso tempo é conciliar a técnica com a ética, a estética e a poética".

Desenho > José de Almada Negreiros (1893-1970), Portugal
> Pegasus, s/d
[R]

2 Comentários:

Blogger A Lusitânia escreveu...

a vida é o que é; mas dela ficará o que se conseguiu fazer.

25 fevereiro, 2009 12:18  
Anonymous Anónimo escreveu...

É bem verdade, Filomena. E ficará também o que a memória preserva.

25 fevereiro, 2009 15:41  

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