quinta-feira, dezembro 18, 2008

Ó MÃE



Ó mãe violada pela noite, deposta, disposta
agora entre águas e silêncios.
Nada te acorda - nem as folhas dos ulmos,
nem os rios, nem os girassóis,
nem a paisagem arrebatada.
- Espero do tempo novo todos os milagres,
menos tu.

- Espero cobrir-te novamente de júbilo, ó corola do canto.
Mas tu estarás mais branca com a boca selada
pelas pedras lisas.
E sei que terei o amor e o pão e a água
e o sangue e as palavras e os frutos.
Mas tu, ó rosa fria,
ó odre das vinhas antigas e limpas?

Citação > Herberto Helder (n. 1930), Portugal
> in Poesia Toda, ed. Assírio & Alvim, Lisboa, 1998

Fotografia > José M. Rodrigues (n. 1951), Portugal
> s/título, c.1980
[P]

2 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

"As mães são as mais altas coisas que os filhos criam"
Herberto Helder (n. 1930)


Um beijinho especial, POETA.

Pilar

20 dezembro, 2008 03:59  
Anonymous Anónimo escreveu...

Pilar,
Obrigado pela citação de Herberto Helder, incluída no poema "Fonte", tal como a deste post do Ultraperiférico.
Também eu tenho apreço pelo grande POETA.

22 dezembro, 2008 00:36  

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