quinta-feira, julho 12, 2007



[PF #9] Urbanidades.

A poucos dias das eleições autárquicas intercalares de Lisboa, sucedem-se as
tentativas de descredibilização de figuras relevantes da candidatura de António
Costa. De súbito, desvio ético, conluio, corrupção, passam a envolver os nomes de
José Miguel Júdice e de Manuel Salgado. E isto a propósito do convite dirigido a
Júdice para coordenar a reabilitação da zona ribeirinha de Lisboa, ou a Salgado
para número dois da lista de António Costa. Num país marcado por compadrios
de toda a espécie, sobretudo justamente na caótica área do urbanismo, não deixa
de ser curioso que Roseta, Negrão, Carvalho, Correia, Monteiro, Fernandes, se
mostrem indignados pelos convites feitos a gente competente, com provas dadas.
Pobre Lisboa, onde as querelas sempre se sobrepõem à verdadeira discussão sobre
os seus graves problemas, como pudemos constatar no recente debate da RTP.
E talvez fosse útil lembrar também as responsabilidades pela degradação urbanística
do país, incluindo em Lisboa, por parte de muitos autarcas eleitos anteriormente.
É bom lembrar, por exemplo, que a indignação de Telmo Correia não se fez sentir no
passado, com o seu colega de partido e ex-autarca de Marco de Canaveses. O que está
agora em causa, claro, é reduzir a votação em António Costa. E penalizar o governo
através disso. O que os incomoda é o facto deste candidato ter reunido uma equipa
forte, com uma "ideia de cidade" (coisa rara!), e é isso que se pretende desvalorizar.
Evidentemente.
[PF]

[Adenda] > Outro ponto de vista aqui ou aqui.
[PF]

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14 Comentários:

Blogger obigodedamaria escreveu...

já me imagino a fazer os novos grafittis por esta lisboa fora.... lindos.

FORA ANTÓNIO COSTA!!!!
Quem és tu? De onde vens? Para onde vais?
O que pretendes de nós?
FORA!!!!

12 julho, 2007 11:20  
Blogger AM escreveu...

O governo, do qual fazia parte António Costa, convidou determinada pessoa para vir a ser «Comissário Ribeirinho».
O dito «Comissário Ribeirinho» tornou-se mandatário de António Costa.
O candidato Costa várias vezes manifestou a sua posição crítica face ao que actualmente se passa na zona ribeirinha, defendendo uma intervenção do poder central juntamente com a autarquia. O candidato e o mandatário na campanha nunca referiram que já existia um futuro «Comissário Ribeirinho» e um plano do governo de intervenção.

Há quem ache isto normal. Eu não acho.

O candidato a vice-presidente da câmara e seu futuro presidente (quando o actual cabeça de lista for tratar da sua vida), fez projectos para a dita zona ribeirinha. Não se sabe se também é contra as actuais intervenções feitas sob auspícios da APL, como o são o cabeça de lista e respectivo mandatário.
O candidato Costa quer tirar o aeroporto de Lisboa e transformar os terrenos em zona verde. O seu número dois e hipotético presidente da câmara (quando Costa for tratar da sua vida), Manuel Salgado, quer pelo menos metade da zona como «centro de negócios». Qual o real programa eleitoral «socialista» para Lisboa?

Gabriel, blasfémias, em:

http://ablasfemia.blogspot.com/2007/07/ribeirinho.html

12 julho, 2007 22:22  
Anonymous Anónimo escreveu...

am
Preocupa-se, mas não se preocupa.
Porque afinal o que interessa é continuar a alimentar os interesses imobiliários numa zona que é, deveria ser de todos, mas afinal é apenas de alguns - desconhecidos! Seja Miguel Júdice, sempre temos com quem reclamar - lembremos que na situação actual, a culpa é de uma entidade quase "sobrenatural".

Preocupa-se, mas não se preocupa. Porque se quisesse mesmo conhecer o programa eleitoral do PS já teria visitado o site www.unirlisboa.com , que á semelhança de outras campanhas disponibilizam os seus programas (nem todos diga-se).

Acrescento - será que AM acha "normal" o presidente do PSD estar acusado de tentar fugir aos impostos entre 1999 e 2002?

13 julho, 2007 00:27  
Anonymous Anónimo escreveu...

AM,
Há quem ache normal que os municípios sejam governados por equipas de 2ª e 3ª categorias. No caso do município de Lisboa, como se tem visto, as últimas vereações são bem o exemplo de incompetência ou falta de noção do que seja, ou deva ser, a capital do país. Independentemente do que se possa pensar sobre os "convidados" - Júdice e Salgado - ou de eventuais discordâncias acerca de projectos que estes defendam para a cidade, sabemos que eles não são mero pessoal partidário que ocupa cargos para os quais não esteja preparado. Sobre Manuel Salgado, pode até contestar-se as suas concepções urbanísticas, mas não se pode ignorar a sua autoridade na matéria.
Tudo o resto me parece politiquice e suspeição intencional, de quem está mais interessado em lugares de poder do que em (re)construir a cidade. Sobretudo se pensarmos que nas últimas décadas quase todas as vereações se queixaram da poderosa APL mas nenhum governo ousou enfrentá-la, com os prejuízos que todos reconhecemos para a relação da cidade com o seu rio.

13 julho, 2007 00:45  
Blogger A Lusitânia escreveu...

O que me custa assistir, verdade que me custa, na minha condição de servidora da "cousa pública" que muito prezo, não me envergonhando da conta bancária há anos com saldo negativo, é ver como o debate político se vai tornando, cada vez mais, um conjunto de insinuações; de ataques; de criar "culpados" e "corruptos" ainda sem o serem. Há um perigo se não regrarmos esta forma tão portuguesa de viver a política: qualquer dia, para não nos vermos abraçados em qualquer polémica - e quem faz gera sempre polémica; só quem não faz a não gera - só o pardos medíocres e oportunistas partidários, mas insentos de "mácula" (e de ideias) vão poder governar essa mesma "causa pública". Sei-o or experiência própria: só quem não faz está isento. Senão seremos sempre culpados de qualquer insinuação; se não for da conta bancária, é porque queremos proteger o partido (que às vezes não temos) ou os amigos (que por vezes tão arredados andam do que fazemos). Gaita, vamos aprender a discutir conceitos, está na altura! E Manuel Salgado (cuja conta não conheço, mas também não me interessa) já demonstrou ser capaz de as ter. Já o pude ver em Lisboa; mas também em Évora e noutros locais. Tem ideis, sim. Teve a sorte de, em muitos casos, as poder pôr em prática. Vou invejar isso? Insinuar que se trata de um interesseiro só porque também quer partilhar com os outros uma nova atitude com a cidade? Não entendo o que está em causa afinal! Matem-lhe o atelier; as ideias; a vontade ... e claro, pardo, cinzento ... poderá finalmente ser poder. E, como antes disse, prezo muito servir a causa pública e, no entanto, manter uma conta com saldo negativo. Mas não posso querer julgar o mundo só porque conseguiram conciliar as ideias com uma condição um pouco melhor. Discutamos ideias, vamos lá!

13 julho, 2007 08:34  
Blogger A Lusitânia escreveu...

Hoje no meu blog fiz-vos uma pequena (muito pequena, é verdade, mas foi madrugadora) homenagem

13 julho, 2007 14:30  
Blogger A Lusitânia escreveu...

se quiserem espreitem:http://mulheresaoluar.blogspost.com

13 julho, 2007 14:55  
Anonymous Anónimo escreveu...

Não entendo qual é a parte escandalosa da situação de José M. Júdice no seu duplo estatuto de comissário para a região ribeirinha e como mandatário de uma candidatura à presidência da CML. Se houver convergência de políticas da Câmara e do Governo para o melhoramento da zona ribeirinha de Lisboa e se à frente do plano que vier a ser construído estiver uma pessoa de competência indiscutível, isso é mau para a cidade? Mau para a cidade é que exista uma entidade sobre a qual nem presidências camarárias nem governos têm tido qualquer tipo de poder...Convenhamos que o rio é demasiado precioso para nós, lisboetas, para ser entregue sem controlo a tal entidade.

Da mesma forma, as acusações não provadas e sem quaisquer indícios concretos que foram feitas a Manuel Salgado de ter interesses imobiliários nos terrenos da Portela têm servido apenas como apoio da campanha meramente populista no sentido de se manter o aeroporto nacional nesse local. Permitam-me agora exprimir-me como cidadã afectada com a actual localização do aeroporto (para quem não saiba, fica na Av. Gago Coutinho,s/nº -Lisboa). Quer em casa, quer no trabalho, a toda a hora cá me passa por cima da cabeça um avião em ponto grande. Como fundo sonoro é do melhor e também dá para ver todos os pormenores,as janelas, o trem de aterragem a abrir, etc. Se acenasse com um pano, lá de cima viam...é que parece mesmo que o veículo aéreo vai aterrar no telhado. Se alguns lisboetas não se importam de ter um aeroporto numa avenida perto de si, a mim tal opção não me parece bem. Há candidatos que defendem até que o aeroporto devia ser alargado...mas isso implica encolher Lisboa. E não é Lisboa que serve o aeroporto, é o aeroporto que deve servir Lisboa e o país.

Concordo totalmente com "mena", todas estas manobras de diversão- as suspeitas lançadas gratuitamente (agora esta de que António Costa não vai ficar no lugar durante os dois anos de mandato, como afirma "am") servem apenas para esconder a ausência de ideias - e estas estivaram ausentes durante a campanha. Só por aí já dá para ver a qualidade dos candidatos denunciadores...

13 julho, 2007 15:32  
Blogger Roteia escreveu...

Totalmente de acordo com Mena, é preciso discutir ideias e projectos, e fazê-lo de acordo com os interesses colectivos do país e da sua capital. E não recear polémicas, forjadas por quem pouco ou nada faz.

Totalmente de acordo também com Bolota. Não vejo nenhum escândalo em definir estratégias para a frente ribeirinha de Lisboa. Escandaloso seria deixar tudo na mesma, isto é, não ter estratégias nem projectos.

14 julho, 2007 00:38  
Blogger A Lusitânia escreveu...

Para a bela «Cidade» que conseguiram construir com este blog, vai um presente meu. Quatro pequenos trabalhos da Helena Almeida que ontem vi na Fundação Prates em Ponte de Sôr. À exposição voltarei depois, para vos dar um pouco mais a conhecer.

14 julho, 2007 10:53  
Blogger A Lusitânia escreveu...

Roteia, de évora te falo. Tive uma enorme preguiça para ir votar ...
E, no entanto, que saudades eu já tenho, não direi da minha pobre casinha ...mas de não dormir até de madrugada à espera dos resultados de uma eleição.
Hoje elegeu-se um novo presidente na capital; uma página nova virou-se, mas muito lentamente; sem nada de inesperado; de "desassossegado", até porque os tempos são outros e já não há "livros do desassossego".Não obstante, é curioso o fenómeno dos denominados "independentes", se bem que todos muito bem "encaixados". Não importa, introduzem a esperança numa outra hipótese de trabalho: a das pessoas que se organizam, como na vossa fantástica "citá di confine" à volta de um tema, de uma ideia qualquer. Mas e o Costa???? Sim, acho mesmo que vale a pena testar. E, principalmente, testar o puzzle que vai ter que fazer. Acho que começamos a acordar, será?

15 julho, 2007 22:50  
Anonymous Anónimo escreveu...

Mena:
Raramente tratamos aqui, nesta pequeníssima cidade virtual, dos assuntos correntes da política. Deixamos isso, muito pontualmente, a Personagem de Fricção. Não é sermos contra a política, mas é sermos contra a agenda mediática que nos é a todos imposta.
Contudo, hoje aproveito o teu comentário para deixar alguns desabafos no escaldo da noite eleitoral. Por exemplo, sobre os independentes, Carmona e Roseta, desde quando independentes, ou agora dependentes dos seus projectos de poder pessoal? E a pouca-vergonha de concorrerem a cargos políticos falando pejorativamente da política? E a desfaçatez de referirem, como o fez Helena Roseta, os "cidadãos" como se os políticos não fossem também cidadãos, isto após uma carreira política de várias décadas, feita à sombra dos partidos e disso tirando benefícios pessoais?
É triste e perigoso aproveitar o descontentamento popular contra o sistema partidário, que é essencial em democracia. Até parece coisa salazarenta. Quem quer lutar contra os males do sistema partidário que o faça dentro desse sistema, ou crie uma solução partidária alternativa. O contrário é puro oportunismo e demagogia.
E pronto, já descarreguei a indignação.

15 julho, 2007 23:54  
Blogger A Lusitânia escreveu...

Entendo a escolha, essa escolha marginal «à egenda mediática» dos «assuntos correntes da política», como dizes, da vossa cidade.
E bem sei que a defesa das ideias se pode fazer de uma outra forma, sem ser necessariamente pontuada pela agenda política.
Mas, "ele há dias" que não se resiste a um desabafo! Desculpar-me-ão.

16 julho, 2007 08:20  
Blogger formiga bargante escreveu...

Meu caro ultraperiférico:

Quanto às equipes com provas dadas, aconselho a leitura ATENTA, do chamado plano da Baixa-Chiado.

O eng.Appleton bem chama a atenção, no mesmo plano, para a necessidade de nada ser feito na Baixa Pombalina sem que um estudo sério sobre o estado do sub-solo seja efectuado.

Letra morta.

O ilustre Manuel Salgado, o tal com provas dadas (basta lêr, com ATENÇÃO o relatório do Tribunal de Contas sobre o comportamento de tão distinta personagem na EXPO98...) propõe, no mesmo plano, a construção de 3 parques de estacionamento subterrâneos, sendo um com capacidade para 450 carros no Terreiro do Paço, e dois com capacidade para 700 carros cada, um no Campo das Cebolas e outro no Corpo Santo.

Quanto aos estudos propostos pelo eng. Appleton, nem rato!

Provas dadas?

Ora, ora...

Cumprimentos

16 julho, 2007 09:47  

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