[PF #7.] - Tréguas.
Esta semana foi manchete de jornal: "Tréguas a José Sócrates só vão
abrandar durante a presidência da União Europeia". Isto é, as agendas
mediáticas estão milimetricamente concebidas e preparadas para ataques sucessivos
ao primeiro-ministro até às próximas eleições. É natural, visto que a calendarização
jornalística obedece sempre, mas mesmo sempre, aos mais altos desígnios nacionais e
aos verdadeiros problemas dos portugueses. Convém igualmente desgastar Sócrates
ao máximo antes da presidência portuguesa da UE, não vá ele sair prestigiado.
Durante a dita, já é diferente: torna-se indispensável salvar as aparências em frente
de estrangeiros, não escarrar para o chão, não limpar a orelha com o dedo mindinho,
não atirar beatas pela janela do carro, não dizer palavrões em público. Nem atacar
o primeiro-ministro.
Sendo assim, não vamos passar por vergonhas, podemos ficar descansados.
É lindo, não é? [PF]
[Adenda > 24.4.2007]
Escreveu Bolota na caixa de comentários:
(...) tenho vergonha da iliteracia, do quase analfabetismo de tanto jornalista que
por aí escreve ou fala. Atentemos na manchete: "Tréguas a José Sócrates só vão
abrandar na presidência... etc.". Perdão?!?!?? As tréguas é que vão abrandar? Mas
já começaram? Mandem-me esta gente de volta para a escola primária e depois,
sim, ponham-nos a falar de habilitações.
Etiquetas: [Personagem de Fricção], media
6 Comentários:
Vergonha é o que eu sinto deste jornalismo pindérico, indiferente aos problemas nacionais, apostado na intriga descarada. E que em nome da defesa dos valores não hesita em fomentar novas crises de valores.
E eu também tenho vergonha da iliteracia, do quase analfabetismo de tanto jornalista que por aí escreve e fala. Atentemos na manchete: "Tréguas a José Sócrates só vão abrandar na presidência...etc". Perdão?!?!??As tréguas é que vão abrandar? Mas já começaram? Mandem-me esta gente de volta para a escola primária e depois, sim, ponham-nos a falar de habilitações.
Atracção pelo supérfluo! Não é o que nos intriga nos supermercados? Pois nos tornamos em grande superfície de ideias em promoção. Só me ocorre esta imagem "jornalística"! Abçs
E pelos vistos, meus caros, nem a blogosfera, enquanto suposta alternativa às agendas mediáticas viciadas, dá sinais de querer desmascarar este estado de coisas.
A excitabilidade dos media portugueses é conhecida de todos e está a aproximar-se da da imprensa cor-de-rosa e dos big brothers. Não creio que a notícia, no seu sentido original, que em democracia inclui a função de informar os cidadãos sobre o que se passa, tendo em conta os interesses do país, tenha qualquer importância para quem a emite. Basta ver as programações televisivas e a guerra de audiências: um circo de narcisismos em competição, inteiramente indiferentes ao respeito que é devido ao espectador.
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