quinta-feira, novembro 30, 2006

[citação 16]
E SAIBA QUEM ISTO LER




E saiba quem isto lêr (porque lhe parecerá por ventura cousa
leve o desenho) que não ha hoje este dia debaxo das strellas
cousa mais deficil e ardua que o desenhar. (...) E em tanto
ponho o desenho, que me atreverei a mostrar como tudo o
que se faz em este mundo é desenhar.

Citação >
Francisco de Holanda (1517-1585)
> in Da Pintura Antiga, 1548, ed. Imprensa Nacional/CM, Lisboa, 1984

Fotografia > Helena Almeida (n.1934)
> Dentro de Mim, 1998, fotografia, col. Fundação Luso-Americana para o
Desenvolvimento, Lisboa.
[R]

(Adenda) Pesquisar Francisco de Holanda
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Holanda
http://www.instituto-camoes.pt/CVC/filosofia/ren5.html
http://www.mosteirojeronimos.pt/english/web_mosteiro_jeronimos/html/hist
[R]

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10 Comentários:

Blogger AM escreveu...

que bonito
a citação, a fotografia, e a soma (o desenho, pois claro) das duas

30 novembro, 2006 23:59  
Anonymous Anónimo escreveu...

Obrigado AM. O desenho continua a ser "tudo o que se faz em este mundo". Mas o desenho do risco e do lápis, hoje tão negligenciado (a troco desta máquina que nos permite comunicar de outros modos), não é ainda, e talvez nunca venha a ser, apenas arqueologia.

01 dezembro, 2006 02:57  
Blogger Aldina Duarte escreveu...

O rasto da aranha?!...

Até sempre

01 dezembro, 2006 12:42  
Anonymous Anónimo escreveu...

Aldina:
Ainda que a ideia da mulher e da aranha seja bem interessante, vejo nesta imagem a artista desenhando com a boca uma linha de terra no solo do seu atelier. Vendo melhor é uma diagonal que une a confluência de arestas do atelier ao vértice da superfície fotográfica. Geometria no espaço e ambiguidade poética, portanto.

01 dezembro, 2006 13:12  
Blogger Aldina Duarte escreveu...

Aqui estão, entre nós dois, duas visões muito características da natureza humana: a visão sem a reflexão e a reflexão da visão!

01 dezembro, 2006 23:15  
Anonymous Anónimo escreveu...

Creio, Aldina, que todos os modos de ver se enriquecem mutuamente. De facto, eu mal tinha reparado no insecto visto por si. E não há dúvida que nesta imagem Helena Almeida transfigurou a sua habitual auto-representação numa outra coisa (um outro ser, talvez o desenho habitado de uma aranha).

01 dezembro, 2006 23:49  
Blogger maria escreveu...

A minha visão é também pouco reflectida e educada e interroguei-me sobre o que me parecia ver: um insecto enorme cavando uma brecha no solo para desaparecer, talvez.
E tudo o que se faz em este mundo é desenhar mesmo sem lápis e papel.

02 dezembro, 2006 18:51  
Anonymous Anónimo escreveu...

a forma dos braços e o corpo do insecto que se lança, inconsciente, na trama do mundo, no seu destino, urdindo a sua teia inerente à construção desse devir.
...a confluência das arestas é uma poderosa metáfora.
(este é o meu olhar não técnico)

03 dezembro, 2006 11:39  
Anonymous Anónimo escreveu...

Maria:
O desenho é, diria Leonardo, "cosa mentale". O segredo é olhar uma imagem para lá da imagem (ou para uma composição para lá da sua aparência), ainda que a aparência ou a configuração também dialogue connosco. Mesmo sem lápis e papel.

03 dezembro, 2006 12:41  
Anonymous Anónimo escreveu...

CJ:
Obrigado pelo seu comentário. Entre imagens e palavras existe um fosso mas também possibilidades de diálogo, complementaridades. O desenho está em todo o lado, prévio a qualquer realização, mesmo a musical. Em todo o caso, sem menosprezar os saberes técnicos, do mesmo modo que a música não exige um ouvido técnico para ser apreciada, também o desenho (ou a fotografia) não exige um olhar técnico. A mão é apenas uma pequena parte da expressão. Então o que exigem as artes? Ou melhor dizendo, o que nos é exigido para chegarmos às artes? Talvez o treino dos sentidos.

03 dezembro, 2006 13:37  

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