sábado, novembro 25, 2006



[PF #4.] - Temporal.

Sexta à tarde as ruas de Lisboa pareciam rios e o trânsito era caótico no meio do
dilúvio e do vendaval. Enquanto isso, a polícia, sempre zelosa e certeira na escolha
de locais e situações para fazer cumprir a lei, seleccionou zonas rentáveis como a
Av. D. Carlos I, escondeu-se em pontos estratégicos e foi um ver se te avias de
carros trancados e de multas de sessenta euros. Os condutores desesperados por
encontrar um buraco onde estacionar por uns minutos, caíram na armadilha. No
fundo de cada cidadão ainda permanece a fantasia de que as autoridades policiais
existem para nos proteger e auxiliar em dias como o de ontem. Mas muitos
portugueses já estão habituados a estas artimanhas da polícia quando o Natal se
aproxima: é preciso engrossar o subsídio para o consumismo frenético da época.
E a percentagem das multas vem mesmo a calhar.
[PF]

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6 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Estou de acordo que as autoridades portuguesas practicam um desporto chamado "caça a multa". Não estou de acordo que os condutores portugueses sejam pessoas que respeitem a cidadania. Não respeitam nas estradas e nas cidades. As estatísticas falam por si. Quanto aos estacionamentos nas cidades é puramente anárquico.

26 novembro, 2006 22:17  
Blogger Ferma escreveu...

Ao contrário do que diz PF, acho que muito poucos condutores estão habituados a estas "artimanhas" da polícia.Pela raridade com que ocorrem.Também não me parece que multar e rebocar os carros que fazem desta cidade um autêntico inferno seja uma artimanha.É um dever.É assim em todo o mundo. Deixemos a originalidade para outros âmbitos. E se os condutores sofreram para conseguir encaixar a viatura nalgum cantinho a estorvar, imaginem o que não sofrem os peões querendo circular em vias e passeios que não existem, soterrados debaixo dos pópós cinzento-metalizado-branco-preto-tão giros.Debaixo do temporal ou não. Sempre.

27 novembro, 2006 11:00  
Anonymous Anónimo escreveu...

Subscrevo partes dos dois comentários anteriores. Mas há que dizer que é tão escandaloso o laxismo com que as forças policiais tratam o comportamento anárquico dos automobilistas portugueses, como é escandaloso ficar à coca de semi-infracções ocorridas devido a situação anómala. No caso referido por PF os automobilistas estacionaram onde lhes foi possível durante a tempestade, apenas porque estavam rodeados de água e porque continuar a condução teria sido perigoso. Além do mais, creio que nenhum dos vários carros trancados estavam a prejudicar o trânsito. A meu ver a atitude da polícia que deveria ter auxiliado os automobilistas nesta situação, em vez de os multar, foi totalmente incorrecta.

27 novembro, 2006 11:45  
Anonymous Anónimo escreveu...

Não contradigo nem Pilar nem Ferma nem Roteia. Quanto a mim, as vossas opiniões são partes de uma mesma verdade. A minha também, se me permitem: toda a gente sabe que a polícia faz caça à multa por alturas do subsídio de Natal e que no resto do ano é um regabofe de infracções e estacionamentos à vontade do freguês. A questão é a seguinte: quando a chamada fúria dos elementos se manifesta como na tarde de sexta-feira, não há polícias não há condutores não há peões - há pessoas a tentar proteger-se da natureza. Espera-se e deseja-se ajuda dos outros, ou no mínimo indulgência e compreensão.

27 novembro, 2006 12:39  
Blogger Ferma escreveu...

Sim, houve circunstâncias excepcionais: a excepcionalidade da multa e a excepcionalidade das condições climatéricas. Assinalo ainda uma outra. Nesse dia, pelas sete da tarde (plena hora de ponta, portanto), apanhei o autocarro habitual de ida para casa. Durante dois terços do percurso fui a única passageira, acompanhada no outro terço por mais dois ou três passageiros.Os outros decidiram todos ir de carro, contribuindo, tanto como a chuva, para aumentar para cerca de 4 vezes mais o tempo de deslocação na cidade.Contribuindo também para a grande dificuldade, visível, de estacionamento. E também para a grande dificuldade de circulação de pessoas. Cheguei enxuta ao destino, tanto como se tivesse ido de carro. Todas as desculpas são boas para o tipo de mentalidade em vigor no que respeita ao (ab)uso do carro aqui na periferia cultural em que nos encontramos. É porque os transportes colectivos são insuficientes (gente, IA VAZIO!!!!) ou porque está mau tempo, ou porque...
Isto não desculpa a caça à multa, mas lembro que as acusações de caça à multa se multiplicam ao longo do ano...consoante os locais de instalação (esconderijo) dos agentes, as circunstâncias,o calendário.

27 novembro, 2006 14:19  
Anonymous Anónimo escreveu...

A forma como habitualmente se conduz e se estaciona é o que se sabe e já não surpreende ninguém.
Quanto aos procedimentos da polícia convenhamos que é incompreensível a falta de vigilância em tantas situações de infracção (excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas, estacionamentos em cima dos passeios e zonas proibidas, etc.).
Mas no dia do temporal penso que a actuação da polícia deveria ter tido em conta a situação de excepção.

28 novembro, 2006 01:46  

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