sexta-feira, outubro 27, 2006


[PF #1.] - Portuguesices
Claro que não se conhecem ingleses ou suecos que queiram ser polacos ou gregos.
Claro que não se conhecem franceses ou guatemaltecos que queiram ser italianos

ou tailandeses. Não interessa: há portugueses que querem ser espanhóis, que
gostavam de ser espanhóis. Ou antes, gostavam de ser ingleses ou mesmo franceses,
mas ser espanhol também serve.
E falando de iberismos, a propósito da actual campanha para a eleição dos "grandes portugueses", proponho votação maciça no egrégio José António Saraiva, opinion
maker, que gostava de ser espanhol. Por supuesto.
Quanto aos portugueses que gostam de ser portugueses, isto é, que não se importam
de ser como as pessoas dos outros países, isto é, que não se importam de ser como
as pessoas que gostam de ser dos países delas, votem segundo os parâmetros que
entenderem. Ou não votem de todo, cada um sabe de si.
[PF]

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15 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Finalmente, PF, um primeiro post!

27 outubro, 2006 10:47  
Anonymous Anónimo escreveu...

Decadência mental, esta. Ou verdadeiro "Caso Mental Português" como dizia o Pessoa.

Ora se eu acho que o meu vizinho tem coisas que eu gostava de ter , não seria mais saudável que pusesse mãos à obra para as ter, em vez de passar a querer ser...o meu vizinho?

E não esqueçamos que muitas das coisas que temos também são cobiçadas pelo vizinho...são por ele consideradas boas.

Mas, de forma geral, os testemunhos que tenho ouvido dos tais portugueses que gostariam de ser espanhois baseiam-se na observação do bem-estar económico de nuestros hermanos.
A identidade cultural não serve para ir às compras, bolas!!

Bom, cá vai então a opinião de Agostinho da Silva sobre o assunto, e que à luz das actuais discussões sobre o iberismo, parecerá,a alguns, um tanto "reaccionária": " O que Portugal fez de maior no mundo não foi nem o descobrimento nem a conquista nem a formação de nações ultramarinas: foi o ter resistido a Castela".Ora bolotas!

27 outubro, 2006 11:39  
Anonymous Anónimo escreveu...

Ora muito bem, isto hoje parece dia de estreias radicais. Até a desaparecida Bolota "desibernou"!?

Estou completamente de acordo com a tua citação de Agostinho da Silva, e além disso acho que o problema dos nossos pequenos saraivas é cultural, típico aliás de quem se fica pelos argumentos do desenvolvimento económico. Porque a falta de carcanhóis nunca vem só.

27 outubro, 2006 12:08  
Anonymous Anónimo escreveu...

Para muitos dos nossos melhores(lembro, por ex.,Antero de Quental)
o iberismo seria uma boa solução.Por mim, não o sendo, entenderia uma federação de estados ibéricos,com idenmtidades próprias e autonomia garantida-que teria peso maior na Comunidade europeia e engrandeceria certamente os dois povos ibéricos.

27 outubro, 2006 13:04  
Blogger Aldina Duarte escreveu...

Eu não gosto particularmente de competições ( muito menso entre mortos!), para além do voto eleitoral, nunca me apliquei em qualquer tipo de votação! E faço parte dos que gostam de ser portugueses, mesmo quando Portugal está sintomaticamente doente, e por isso precisa de ser chamado à razão através da manifestação do descontentamente com a sua negligência e a indiferença perante os sintomas da doença...

Até sempre!

27 outubro, 2006 13:24  
Anonymous Anónimo escreveu...

Tentador, não? essa ideia de Estados Federados Ibéricos. Mas com uma potência como a Espanha no meio da federação, não passaríamos a ter os mesmos motivos de queixa que as nações galega, basca e catalã?
Não, para mim , continuo pelo Agostinho, não pelo Quental. Isto não quer dizer que não se fomente as interacções económicas e culturais, mesmo assim já tão difícultadas pelo excessivo proteccionismo espanhol...

27 outubro, 2006 15:05  
Anonymous Anónimo escreveu...

É muito difícil dar a entender o que é Portugal(…)
O inventor de Portugal era português
E nunca escreveu nem publicou o que é Portugal
É muito provável que a riqueza do mundo esteja em Portugal
Mas quem não sabe nem tem certezas é o português
À volta dos livros não sabe quem é, mas é Portugal
À volta do mundo atrás da fortuna anda o português
E todo o planeta devia telefonar para Portugal
Para que se saiba no fim de contas quem é português.

O Inventor, Heróis do Mar

27 outubro, 2006 15:45  
Anonymous Anónimo escreveu...

Isabel de Portugal:
Sempre houve iberistas sinceros do lado de lá e do lado de cá. Porém, creio que a já referida citação de Agostinho da Silva, põe o dedo na ferida ao referir a resistência a Castela como um dos feitos mais relevantes do país. Bascos, catalães ou galegos olham-nos com admiração e respeito por isso mesmo.

Desagradam-me nacionalismos exacerbados. Mas também me desagrada a ligeireza, ou o desprezo, para com os factores identitários que justificam uma nação.

27 outubro, 2006 20:10  
Blogger paulo escreveu...

Os portugueses que dizem querer ser de outro país afirmam a incapacidade de mudar a sua própria condição. Não ficam lutando. Nem emigram. Esperam. Que venha alguém e tome conta deles. É um sebastianismo ao contrário. Esta também é uma identidade cultural portuguesa: um pai que nos proteja, nos eduque e nos DÊ o pão-nosso de cada dia. Ignoram que o pão dado não é nosso.
Quanto à votação, PF, realmente só há duas atitudes: ou ignorar ou avacalhar. Você opta por avacalhar. Eu também. Mas só há uma persona que maximiza o avacalhamento. Guess who.
(cumprimento a forma coloquial como propondes questões relevantes)

28 outubro, 2006 19:47  
Anonymous Anónimo escreveu...

Aldina:
Estou consigo nisso de não votar em heróis e muito menos em messias, nem vivos nem mortos, embora existam, como disse o poeta de sempre, "aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando".
Interrogo-me sobre a pertinência de incluir esta coisa dos "grandes portugueses" no contexto do espectáculo televisivo. Concluo, por ora, com uma certeza: há coisas piores.

Paulo:
Gratos pelo comentário. Pessoalmente, em total concordância com o seu ponto de vista, creio que chegou a altura de entendermos todos que a ultraperiferia de que nos queixamos se colocará no ponto certo do mapa exigindo mais de nós próprios. E para já, para já, o pão português é muito melhor que o pão espanhol.
Quanto à "persona que maximiza o avacalhamento", por favor Paulo, não me ponha a adivinhar, estou em pulgas, diga lá quem é.

29 outubro, 2006 01:23  
Blogger paulo escreveu...

O megera de Santa Comba. O velho adunco do Portugal a preto-e-branco. O Salazar. Isto não é uma apologia ideológica. Desprezo o país irrisório que o velho tinha na cabeça e impôs durante quarenta e oito anos. Isto é uma apologia da derrisão. Imaginai os comentadores, os editorialistas, os especialistas, os jornalistas, os políticos, os intelectuais cata-vento e todos os outros inúteis do blá blá, atarantados, expelindo explicações. Seria um murro numa cama com pulgas. Seria uma farsa. Seria uma infecção auto infligida pelos media. E seria a euforia (efémera, bem sei) de ter marcado o golo do empate.

29 outubro, 2006 16:33  
Anonymous Anónimo escreveu...

Paulo:
Fiquei esclarecidíssimo. De facto a sua classificação do "megera de Santa Comba" é contundente e precioso.
Penso que os "grandes da pátria" precisam de tratamento "a sério" (bons documentários) dentro ou fora do circo mediático onde o vampirismo parece não ter limites. E se pesquizarmos no Google veja-se, por exemplo, sobre os principais escritores e artistas portugueses, os poucos e medíocres sítios disponíveis. É por essas e por outras que a coisa está como está, prontinha a beatificar um ditador.

31 outubro, 2006 03:54  
Anonymous Anónimo escreveu...

Uma das desvantagens de não haver viagens no tempo é não podermos vivenciar aquilo que os portugueses de antanho sentiam em relação ao país e aos seus vizinhos (esclarecedor seria visitar a época Filipina). Todos os países têm mazelas, alguns mais do que outros, eu gosto de cá viver e não iria para outro lado. Se isso implica maiores dificuldades económicas e alguma rarefacção cultural, é o preço a pagar.
Há sempre uma conta à nossa espera e é ingénuo pensar que ela é menor noutro lado (e nem sempre é monetária esta conta).

31 outubro, 2006 12:01  
Anonymous Anónimo escreveu...

Há contas a pagar em todo o lado, sim. Mas também há contas que podiam não ser pagas e outras contas que uns pagam para outros, no campo monetário como nas várias situações da organização social.
O que penso que vale a pena é manter um inconformismo sadio e o sentido de exigência, porque afinal aquilo de que quase todos nos queixamos, embora tendo reflexos económicos, é em grande parte prévio à economia.

31 outubro, 2006 12:29  
Anonymous Anónimo escreveu...

Estou a adorar este "Personagem de Fricção"!

Por mim voto na padeira, não a de Aljubarrota, mas a da minha rua! As caseirinhas dela são fabulosas e acompanham muito bem com doce, ou salgado.

04 novembro, 2006 13:55  

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