quarta-feira, setembro 06, 2006

CONDOMÍNIO PRIVADO





O debate sobre o estado da arquitectura portuguesa tem sido diminuto, se tivermos
em conta a dimensão dos problemas nesta área e que é urgente estancar a frenética
degradação da paisagem urbana do país.
Parece-nos evidente que é preciso salvaguardar o que resta, reabilitar o que existe,
recuperar o que é possível, planear com regras, implodir o que não tem remédio.
A responsabilização pelos problemas existentes não implica apenas, nem sobretudo,
os arquitectos. Porém, ficámos agora a saber através de um gráfico publicado
n'A Barriga de um Arquitecto (Arquitectos por milhar de habitantes), que não
faltam arquitectos em Portugal, por comparação com outros países da União
Europeia, o que torna a questão ainda mais insólita.
Postas de lado eventuais deficiências de qualificação profissional, interrogamo-nos
se são os arquitectos, ou as equipas e empresas que estes integram, a ter pouca
capacidade de influenciar as políticas autárquicas, ou se são os poderes autárquicos
e os negócios ou interesses empresariais de que os arquitectos afinal dependem a ter
excessiva força. Outra questão, que não é despicienda, corresponde a um problema
mais vasto, de natureza cultural, referida por Helena Roseta, presidente da
Ordem
dos Arquitectos, numa entrevista recente (cito de memória):
"Em Portugal
existe uma enorme falta de cultura estética e visual".
E o que têm feito as universidades portuguesas para diagnosticar e divulgar os
erros de ocupação do território? Que avaliação é feita, década a década, para que
não se repitam os mesmos erros urbanísticos?
É certo que vão surgindo projectos qualificados por todo o país, sobretudo de
reabilitação e recuperação dos centros históricos das cidades, afastando do nosso
horizonte o pesadelo das décadas de 1970 e 80, que provocou enormes mazelas,
algumas irreversíveis.
Hoje, o que avança a um ritmo aparentemente imparável são, além dos inenarráveis
subúrbios das grandes e das pequenas cidades, as zonas de construções novas em
torno dos núcleos antigos, desarticuladas destes e da restante paisagem.
Um caso paradigmático é a cidade de Miranda do Douro, do lado português do
Parque Natural do Douro Internacional, onde a par da cuidada recuperação do seu
notável centro histórico continuam a crescer bairros de péssima arquitectura.
Parece que na generalidade das autarquias se tornou moda cuidar dos centros
históricos como se fossem ilhas. Será um pretexto para libertar os autarcas das
suas obrigações de exigência para com novos projectos, face à pressão imobiliária e
aos negócios subterrâneos? Será um pretexto para lucrar em duas frentes, o turismo
e a construção civil, calando de vez as associações de defesa do património histórico
e, simultâneamente, satisfazendo os interesses particulares?

Convém não esquecer o óbvio: o património arquitectónico do futuro também terá
que integrar a paisagem urbana que formos construindo no presente.
[R]

[Adenda > 7.9.2006]
Alguns textos fundamentais n'A Barriga de um Arquitecto:
> Ideologia urbana > Preconceitos urbanos > Anti-paisagem
[R]

Fotografia > Anónimo (Portugal)
> Dólmen celta, Penafiel, s/data (c.1910?), postal ilustrado fototípico
(foto
© FH/CRO)
[R]

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18 Comentários:

Blogger Héliocoptero escreveu...

Continuamos com a ideia de que progresso equivale necessariamente a construção. Pergunta na rua o que é que as pessoas acham do não se poder construir numa determinada zona ou de os prédios terem limite de altura e não te admires de uma quantidade consideravel responder que isso é um entrave ao progresso. Mal sabem elas que muitos dos negócios imobiliários que são noticiados como coisa normal são crime económico noutros países, onde o dinheiro que cá vai parar aos bolsos de privados e das autarquias é pertença dos cofres do Estado em paragens mais civilizadas.

E esta mentalidade é herdada por muitos arquitectos, a juntar à necessidade quase doentia que alguns têm de se destacar com a obra mais "vanguardista" que for possível.

06 setembro, 2006 19:00  
Anonymous Anónimo escreveu...

Tem toda a razão, Heliocoptero, no que diz respeito à ideia (estereótipo) de progresso e aos "crimes" sobre o interesse público de que ninguém é responsável, nem o poder central nem os poderes autárquicos.
Não concordo, no entanto, com a excessiva responsabilização que habitualmente recai sobre os arquitectos, não que estes estejam isentos de algumas responsabilidades.
As obras que caracterizas como "vanguardistas" podem ser a pedrada no charco, a única forma de romper o círculo vicioso da mediocridade geral.
É curioso notar que quase todas as obras de autor são alvo de polémica, enquanto se faz um silêncio ensurdecedor sobre os "mamarrachos" que o circundam.
Creio que estamos de acordo que não são a mesma coisa as obras de vanguarda, estimáveis e qualificadas, e as obras estilosas e modernaças, com excesso de desenho, provavelmente assinadas por arquitecros pretensiosos, que também os há, para impressionar novos-ricos e lucrar com eles.

06 setembro, 2006 20:02  
Blogger maria escreveu...

Realmente, tantos arquitectos... será que são necessáriospara um país tão pequeno? Será que têm alguma autonomia quando trabalham nos gabinetes das Autarquias ou terão que se submeter a interesses que nada devem à estética? para garantir o emprego? Não sei mas há muita coisa que vejo e não gosto.

07 setembro, 2006 20:37  
Anonymous Anónimo escreveu...

A questão é ecomnómica e de estética, porque a custo igual ganha aquela proposta que seja mais "vistosa".

07 setembro, 2006 20:57  
Blogger Héliocoptero escreveu...

Eu quando estava a falar de arquitectos que puxam de obras "vanguardistas" estava precisamente a falar dos "mamarrachos" que surgem no meio de edificios antigos ou adjacentes a zonas históricas.

Se são de facto vanguardistas ou não, isso é outra questão. Mas já vi obras de gosto duvidoso e completamente fora de contexto serem apelidadas de revolucionárias e vanguardistas precisamente porque rompem com o antigo que, por acaso, até era de preservar. Mais ridiculo ainda: porque formam um diálogo construtivo com o antigo... O comdominio da autoria do Siza Vieira em pleno Chiado já me foi apontado como um exemplo disso, mas eu continuo a achar que aquilo é um erro urbanistico e um exemplo típico de um arquitecto que se deixa levar...

07 setembro, 2006 23:32  
Anonymous Anónimo escreveu...

Maria:
Não creio que haja arquitectos a mais. E o que há de menos são dirigentes ou orientadores de equipas de trabalho com planos qualificados e regras precisas. Profissionais capazes de sobrepor o interesse público aos negócios privados.
Se bem dirigidos todos os técnicos são necessários. Mas creio que a coisa só terá solução quando o poder central, sem medo de perder eleições, colocar os poderes autárquicos "entre a espada e a parede" (uma expressão bem arquitectónica!).

Mário:
O problema da formação estética, também referido pela comentadora anterior, é uma questão de fundo. Temos dito neste blogue que as artes visuais (ou a cultura visual, que inclui as "artes de projecto" - arquitectura e design) são o parente pobre da cultura portuguesa. E isso está à vista no modo como a paisagem urbana tem vindo a ser tratada.

Heliocoptero:
As Vanguardas (conceito que precede e acompanha a eclosão do Modernismo), tiveram um papel transformador das artes e das mentalidades, criando naturais rupturas com a História. Mas em todas as épocas, exceptuando a nossa, o passado e o presente coexistiram pacíficamente no mesmo espaço ou em espaços contíguos. Se entrarmos numa catedral gótica é bem possível que possamos encontrar altares barrocos, construídos 500 anos depois. Aí em Alcobaça, o Mosteiro é um bom exemplo da sobreposição de estilos muito diferenciados, mas que não se agridem entre eles. Espero aliás que os novos arranjos exteriores do Mosteiro de Alcobaça (do Arq. João Pedro Falcão), que ainda não vi, sejam uma marca qualificada e contemporânea bem articulada com o monumento.
Quanto a Siza Vieira, discordo totalmente. O que ele projectou no Chiado (julgo que te referes ao edifício da R. Alecrim) veio ocupar um buraco de décadas, onde existiam escombros, lixo e tapumes. O que lá está hoje é, do meu ponto de vista, uma obra muito sóbria e qualificada na escala, nos mateirais e na cor, dando continuidade aos edifícios pombalinos confinantes, sem os mimetizar, e sem perder a identidade contemporânea. Coisa de mestre!
Ainda que discutíveis ou polémicas, não são as obras de qualidade que devem ser rejeitadas. As obras medíocres, tanta vezes ostentatórias e modernaças, essas sim, realizadas por maus arquitectos ou "patos bravos".
É tão necessário preservar a memória arquitectónica, como construir com qualidade, segundo o vocabulário do nosso tempo.

08 setembro, 2006 07:04  
Blogger Héliocoptero escreveu...

Sim, refiro-me ao edifício na rua do Alecrim. Pode ter preenchido um buraco, mas qualquer solução não é uma boa solução e o projecto do Siza Vieira não se enquadra esteticamente naquela zona.

As janelas e portas, por exemplo, são completamente lisas, faltando-lhes o rebordo em pedra que é regra na baixa lisboeta (e em qualquer construção antiga, verdade seja dita). Tem aqueles azuleijos azuis horríveis no exterior dos últimos pisos, quando podia muito bem ter telha, até porque em edifícios pombalinos as águas furtadas são outra coisa muito comum. Siza Vieira nem tinha que meter umas no seu projecto, se não o quisesse, mas podia ao menos ter dado uns ares da coisa a bem do enquadramento estético. E nem vou falar nas enormes varandas ou na pedra que cobre completamente o exterior.

Quanto ao mosteiro aqui em Alcobaça, sinceramente não sei a que obras te referes. As da praça em frente estão quase prontas e o resultado não é dos mais satisfatórios, a começar pelo enterro de parte da escadaria devido a um "erro de cálculo" e acabando no material usado para o piso (saibro), que tende a elevar a temperatura na praça em cerca de 4 graus, algo bastante significativo se lhe juntares o calor do Verão e falta de sombras. O mosteiro propriamente dito não tem sido alvo de obras, fora uma limpeza e nova pintura.

08 setembro, 2006 15:14  
Anonymous Anónimo escreveu...

O teu comentário, Heliocoptero, implica questões de gosto pessoal, discutíveis, porque os gostos sempre se discutem. Mas é uma boa achega para o debate, uma vez que Álvaro Siza tem vindo a ser crescentemente contestado. Passo a referir dois momentos da obra de Siza no Chiado, ambos notáveis, do meu ponto de vista:

>> O primeiro momento, na sequência do catastrófico incêndio de 1988, em que Siza dirigiu a reconstrução de um conjunto de edifícios, quase todos pombalinos. A opção dele, implicou a reposição minuciosa e mimética de todos os edifícios destruídos, e por isso mesmo foi muito contestado por outros arquitectos. Mas ficámos a dever à autoridade pessoal de Siza podermos hoje passear no Chiado de sempre.

>> O segundo momento, os Terraços de Bragança, em que a opção do arquitecto não foi "fazer à maneira", isto é, não foi construir "o novo" a fingir "o antigo" que nunca lá esteve. Mas manteve e recuperou um pequeno edifício de esquina e um troço da Muralha Fernandina que ficara várias décadas coberto de lixo e entulho. Esta opção é totalmente defensável e inscreve-se num modelo de cidade-viva, segundo o qual, nas zonas históricas, os edifícios construídos de raiz devem refletir o nosso tempo. Foi assim que Pombal terá pensado a reconstrução de Lisboa. E, certamente, seria assim que ele faria se vivesse hoje.

Quanto ao Mosteiro de Alcobaça, referi apenas os "arranjos exteriores". Em breve verei com os meus próprios olhos, mas para já a expectativa é positiva.

08 setembro, 2006 19:07  
Anonymous Anónimo escreveu...

Para quem procurar mais informação sobre os "Terraços de Bragança" de Siza, acabo de descobrir a memória descritiva do projecto (1999):
http://ulisses.cm-lisboa.pt/data/002/003/002/artigo.php?ml=3&x=b4a1pt.xml

09 setembro, 2006 01:01  
Blogger Héliocoptero escreveu...

O Marquês de Pombal fez de raíz uma cidade inteira, não apenas um edificio entre os restantes. E os novos mantêm traços que permitem um bom enquadramento junto de construções mais antigas que pudessem existir, como o uso de telha ou o rebordo em pedra de janelas e portas, ambos detalhes presentes em edifícios de diferentes épocas. É pena que nesses aspectos não se tenha sabido manter uma linha de continuidade do mesmo modo que se soube preservar os vestígios da muralha fernandina.

Já agora, se os edificios construidos de raíz em zonas históricas devem reflectir o nosso tempo tal como o do Siza Vieira o faz, estou para ver o que vai suceder quando o local for não a baixa lisboeta, mas, por exemplo, Óbidos. Uma casa com azuleijos em vez de telha, de fachada completamente lisa e não caiada ou contornada em azul ou amarelo enquadrar-se-ia naquele espaço?

09 setembro, 2006 03:13  
Anonymous Anónimo escreveu...

O Marquês de Pombal não se limitou a reconstruir a Baixa e o Chiado. Há núcleos pomblinos isolados noutras zonas da cidade (R. Século, por exemplo), e até noutros pontos do país (V.R. Sto António, Porto Côvo, etc.).

Linhas de continuidade, abertas ou fechadas à inovação? Daqui a 500 anos que linhas de continuidade advogas nos centros históricos? As linhas do século XVIII ou as do século XXIII? Os bairros suburbanos serão centros históricos no futuro? Se Siza tem projectos em Santiago de Compostela, e noutros centros históricos porque não os poderia ter em Óbidos?

As tipologias dominantes em Óbidos são de raíz popular. Também neste caso há soluções contemporâneas compatíveis, desde que pensadas por arquitectos com experiência e capacidade de adequar o seu vocabulário à delicadeza do lugar. Um bom exemplo, que vale a pena ver, é a CGD de Arraiolos (Arq. Gonçalo Byrne), na praça principal desta vila. Em Óbidos o problema são as mimetizações amaneiradas que começam a circundar as muralhas (Albergaria Josefa de Óbidos e outras "very tipical").
Em resumo: Onde existem bens patrimoniais, pequenos que sejam, devem ser preservados, recuperados, restaurados. Onde se constrói de novo deve-se construir de acordo com o nosso tempo, o que também significa compreender o Lugar e a História.

09 setembro, 2006 04:22  
Anonymous Anónimo escreveu...

Visito o blogue por primeira vez e em boa hora o faço. Vim pela mão do "Porque"(http://amc-porque.blogspot.com/) e descobri temáticas e uma sensibilidade das que me sinto muito próximo.

Perdoe-se-me o "off topic", mas a propósito do post "Teresa e Helena" (http://ultraperiferico.blogspot.com/2006/02/teresa-e-helena.html) publicado por Roteia em Fevereiro, recomendo vivamente a leitura do livro "A Linha Púrpura" de Wolfram Fleischauer (Difel, 2006). Tenho o privilégio de privar com o autor de quem sou colega de profissão (somos intérpretes de conferência em Bruxelas) e posso afiançar de que se trata de um trabalho de investigação e criação notável nascido justamente do fascínio exercido por esta pintura, hoje pacífica mas na altura fracturante quanto baste...

Para o caso de já terem lido a obra vejam nesta arenga a sugestão interessada de alguém que nutre pelo autor amizade e admiração.

Abraços.

09 setembro, 2006 15:00  
Anonymous Anónimo escreveu...

Gratos, Jorge, pelas suas palavras de apoio e pela sua sugestão de leitura. Estaremos atentos. Volte sempre.
Abraço.

09 setembro, 2006 16:42  
Blogger Héliocoptero escreveu...

Daqui a 500 anos espero que os centros históricos estejam preservados o suficiente para que neles estejam os monumentos que os nossos antepassados nos legaram, o que equivale a dizer o novo deve ser completamente determinado pelo que já lá existe. A minha resposta é, portanto, as linhas do século XVIII, sem mais nem menos. Há bairros suburbanos de hoje que possivelmente serão zonas históricas no futuro, motivo pelo qual também espero que eles sejam preservados segundo as linhas da sua construção dos nossos dias.

E não tenho qualquer problema com a possibilidade do Siza Vieira vir a ter projectos em Óbidos tal como tem em Compostela. O que questiono é a qualidade das suas ideias em termos de enquadramento. A zona do Chiado é um exemplo de um bom projecto, tendo preservado as fachadas ao ponto de eu olhar para uma fotografia do século passado e reconhecer integralmente o espaço exterior. Já o edifício da Rua do Alecrim tem pouco a seu favor.

O que seria de Varsóvia se se tivesse decidido reconstruir de acordo com o tempo de então em vez de se reerguer a cidade das cinzas tal como ela era antes da Segunda Guerra Mundial. O Marquês de Pombal não fez o mesmo com Lisboa e é bem possível que se o terramoto tivesse ocorrido nos dias de hoje estariamos a ter a mesma discussão. Por outro lado, o sentido de preservação da época era bastante distinto. Basta pensar que cerca de 100 anos mais tarde, até o rei Fernando II, o mesmo a quem devemos o facto do Mosteiro dos Jerónimos ainda estar de pé, autorizou a demolição de parte de um claustro do Convento de Cristo a bem de uma janela manuelina mais visivel.

09 setembro, 2006 20:51  
Anonymous Anónimo escreveu...

Com licença, posso entar neste debate?
Obrigado.
Heliocoptero diz: "Daqui a 500 anos espero que os centros históricos estejam preservados o suficiente para que neles estejam os monumentos que os nossos antepassados nos legaram..."
E eu digo: Daqui a 500 anos espero que os centros históricos estejam preservados o suficiente para que neles estejam os monumentos que nós, antepassados dos que existirem daqui a 500 anos, lhes legarmos. Daqui a 500 anos espero que se saiba preservar a Pirâmide do Louvre e o Beaubourg em Paris, o Reina Sofia vizinho do Prado em Madrid, o Walraff e o Museu Romano contíguos à catedral em Colónia, o Mumok na zona imperial em Viena, e tantas outras obras nossas contemporâneas integradas nos centros históricos.
E a propósito de Siza Vieira, Heliocoptero diz: "O que questiono é a qualidade das suas ideias em termos de enquadramento". Não leves a mal, Heliocoptero, mas sugiro que não questiones.

"Não existe futuro sem passado que justifique e dê sentido ao presente".

10 setembro, 2006 00:12  
Blogger Sergio Pereira escreveu...

Bem… É uma pena ter chegado tarde a este debate. Porém, férias são férias…
Sem querer levantar uma polémica, mas parece que actualmente só existe Siza Vieira na cena da Arquitectura.
Talvez seja por isto que ultimamente tenha cometido algumas imbecilidades contra o património Português. (vide o caso da Avenida dos Aliados – Porto em http://avenida-dos-aliados-porto.blogspot.com/ )
Por vezes acredito que alguns arquitectos pensam que são “estrelas” e que são intocáveis.
Será necessário destruir o passado para perpetuar o futuro?

25 setembro, 2006 12:12  
Anonymous Anónimo escreveu...

Caro Australopithecus:
Nunca é tarde para o debate, em qualquer dos postes deste blogue. Devo aliás agradecer a sua participação.
Quanto a Álvaro Siza, digo: é um grande arquitecto e o seu trabalho é habitualmente reconhecido (sobretudo fora de Portugal) por estabelecer pontes contemporâneas interessantes e correctas com o património histórico. No que diz respeito à Avenida dos Aliados, no Porto, admito que alguma coisa esteja errada, mas não posso opinar sobre uma obra que não conheço senão por relatos de terceiros e algumas fotografias. Necessitaria primeiramente de saber quais os motivos que levaram à reconversão urbanística do local e quais as justificações técnicas e estéticas para as opções tomadas. Creio no entanto que as cidades se transformam hoje, como sempre se transformaram, de acordo com cada época.
À pergunta "será necessário destruir passado para perpetuar o futuro?", respondo: Depende da relevância do passado que se quer destruir, ou transformar(!), porque tudo se transforma, seja pela mão do homem ou seja pela acção da natureza.

25 setembro, 2006 20:28  
Blogger Sergio Pereira escreveu...

Caro Roteia
"...porque tudo se transforma, seja pela mão do homem ou seja pela acção da natureza."
Neste pequeno trecho estão descritas as bases da cultura. Somente o homem é capaz de transformar o natural em cultural, somente o homem é capaz de construir mentalmente antes de dar forma, Somente o homem produz cultura.
Isto deve ser respeitado em qualquer tipo de contexto, seja ele urbano, rural ou qualquer outro. Porém, actualmente é o que menos acontece.

04 outubro, 2006 23:52  

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