[citação 09]
PARA CHEGARES AO QUE NÃO SABES

Citação > T. S. Eliot (1888-1965), EUA/Grã-Bretanha
> in Quatro Quartetos, 1935-1943 (excerto de East Coker), ed. Ática, Lisboa, 1963
(tradução de Maria Amélia Neto).
Pintura > Jorge Martins (n.1940), Portugal
> Corner, 1976 (Colecção do Autor).
[R]
[Adenda > 15.9.2006]
A actual exposição Simulacros/Uma Antologia (no CCB, em Lisboa, até 22 de
Outubro), confronta-nos com quatro décadas da poderosa produção plástica de
Jorge Martins. A obra acima reproduzida - Corner - integra o núcleo expositivo
"Corpos de luz", dedicado ao período em que o artista viveu em Nova Iorque (1975
-76), relacionando-se com a série New York City World Trade Center by Light,
conjunto surpreendente de pinturas que evidenciam o fascínio do artista pelas torres
gémeas de Manhattan, hoje transformadas em símbolos de terror.
Palavras de Jorge Martins, sobre si próprio:
"Tudo o que digo, escrevo ou penso me parece tão verdadeiro como o seu contrário.
Daí a minha melancolia dialética, o meu lado irónico e desencantado. O meu espírito
movimenta-se por oposição e desde que me sinto instalado num sistema binário
(pendular) salto para fora dele e fico como o vértice de um triângulo a olhar para
os outros dois, ou como um electrão a saltar de órbita, à volta do núcleo, num
nevoeiro de incertezas (sebastianistas?).
Rabiscar, pintar, desenhar foi sempre o modo de me virar para dentro, de reunir
no mesmo espaço todo esse vaivém de contradições com que uma metade do meu
espírito se diverte para fazer passar o tempo, enquanto que a outra se limita às
duas dimensões da pintura para fazer passar o espaço".
> "Entrevista de João Fatela a Jorge Martins", in Diário de Notícias, Lisboa, 2.8.1979
[R]
PARA CHEGARES AO QUE NÃO SABES

“ Para chegares ao que não sabes
Deves seguir por um caminho que é o da ignorância.
Para possuires o que não possuis
Deves seguir pelo caminho da despossessão.
Para chegares ao que não és
Deves seguir pelo caminho onde não estás.
E o que não sabes é a única coisa que sabes
E o que possuis é o que não possuis
E onde estás é onde não estás.”
Citação > T. S. Eliot (1888-1965), EUA/Grã-Bretanha
> in Quatro Quartetos, 1935-1943 (excerto de East Coker), ed. Ática, Lisboa, 1963
(tradução de Maria Amélia Neto).
Pintura > Jorge Martins (n.1940), Portugal
> Corner, 1976 (Colecção do Autor).
[R]
[Adenda > 15.9.2006]
A actual exposição Simulacros/Uma Antologia (no CCB, em Lisboa, até 22 de
Outubro), confronta-nos com quatro décadas da poderosa produção plástica de
Jorge Martins. A obra acima reproduzida - Corner - integra o núcleo expositivo
"Corpos de luz", dedicado ao período em que o artista viveu em Nova Iorque (1975
-76), relacionando-se com a série New York City World Trade Center by Light,
conjunto surpreendente de pinturas que evidenciam o fascínio do artista pelas torres
gémeas de Manhattan, hoje transformadas em símbolos de terror.
Palavras de Jorge Martins, sobre si próprio:
"Tudo o que digo, escrevo ou penso me parece tão verdadeiro como o seu contrário.
Daí a minha melancolia dialética, o meu lado irónico e desencantado. O meu espírito
movimenta-se por oposição e desde que me sinto instalado num sistema binário
(pendular) salto para fora dele e fico como o vértice de um triângulo a olhar para
os outros dois, ou como um electrão a saltar de órbita, à volta do núcleo, num
nevoeiro de incertezas (sebastianistas?).
Rabiscar, pintar, desenhar foi sempre o modo de me virar para dentro, de reunir
no mesmo espaço todo esse vaivém de contradições com que uma metade do meu
espírito se diverte para fazer passar o tempo, enquanto que a outra se limita às
duas dimensões da pintura para fazer passar o espaço".
> "Entrevista de João Fatela a Jorge Martins", in Diário de Notícias, Lisboa, 2.8.1979
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Etiquetas: [citações 01-10], exposições, Jorge Martins, T. S. Eliot
16 Comentários:
verdade
Post inspirado, o que se agradece. O material seleccionado dá que pensar...uma imagem pode "detonar" um texto e vice-versa.
Este processo de selecção é um exercício que me proporciona um enorme prazer. Apraz-me vê-lo praticado com "maestria" neste blogue.
Abraço.
De um qualquer mistério tão denso e forte surge surge esta união de Eliot e Jorge Martins. Só pode ser AMOR
Sobre caminhos e chegadas...
"Embora já tenha idade suficiente para ter descoberto que os sonhos da juventude não serão realizados neste estado de existência, penso que a maior felicidade seria que me fosse sempre permitido olhar sob as pálpebras do tempo e contemplar firmemente o perfeito com clara compreensão de que não o alcanço."
Henry David Thoreau, Diário, 1843
A grande aprendizagem é a vivência do momento presente em absoluto... é preciso praticar cada instante!
Até sempre
Concordo, Aldina.
Viver e aceitar cada momento para poder viver em pleno o seguinte também. A felicidade não é uma meta, é um caminho. Passo a passo, momento a momento.
Concordo, Aldina.
Viver e aceitar cada momento, para poder viver em pleno o seguinte, também. A felicidade não é uma meta, é um caminho. Passo a passo, momento a momento...
Nada nos separa, e nas mãos guarda-se para sempre a essência.
Visitei a exposição do JM à coisa de duas (ou três) semanas e ainda não me passou...
Posta sobre a exposição do JM em:
http://odesproposito.blogspot.com/2006/08/jorge-martins.html
A vida nem sempre é o arco-íris do nosso imaginário....
... não adianta ficares preso à tua cadeira.
Ao deslumbrar-me frequentemente com as magníficas e cuidadas imagens e textos aqui presentes, hoje, particularmente, quero deixar também o meu comentário, sugerido pela "uniâo" destes autores: esta imagem e este texto.
Porventura banal, mesmo assim...
Como diz o poeta "o caminho faz-se caminhando". É (são) o(s) sentido(s) que atribuímos a cada momento vivido que dá(dão) sentido(s) à nossa passagem por Aqui.
Como sempre magnífico e opulento este "sítio" que me faz ter outra vez vontade de agarrar qualquer coisa, no meio do enorme zumbido grotesco em que está transformar a cena portuguesa, sem deuses, sem anjos, sem memória, (sem redenção??).
os habituais e obrigatórios parabéns, com alguns mimos necessários em momentos delicados como este.
armandina maia
Vou-te seguindo como um guia de formação: lá irei ver a exposição de Jorge Martins.
«Celebro-me e canto-me
E aquilo que assumo tu deves assumir,
Pois cada átomo que a mim pertence a ti pertence também.»
Walt Whitman, "Canto de mim mesmo"
Novos comentários, mesmo que tardios, são sempre bem vindos, particularmente neste post. Ainda mais se o comentário é sensível, como é o caso. Pelo que fica dito, obrigado.
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