quarta-feira, agosto 16, 2006

TRESLEITURAS



Tenho notado na blogosfera lusa a tendência frequente de bloguistas e comentadores
para tresleituras de textos alheios. Coloco por isso as seguintes questões:
Em vez de discutirmos saudavelmente os conteúdos dos posts, com discordâncias
legítimas, não estaremos a descredibilizar assim as potencialidades da blogosfera?
E não haverá nisso uma certa irresponsabilidade?

Pegar numa frase e eliminar o seu contexto, como se todas as frases restantes fossem ornamentos supérfluos, talvez seja uma das formas mais comuns de tresleitura. Outra,
mais sofisticada, é aquela que se serve da inversão do sentido de uma frase, ou de um
conjunto de frases, para daí obter sentidos antagónicos feitos por medida.
Se tal se deve a má-fé, desconfiança, frustração, animosidade, destempero, azedume,
irritação, simples passatempo, ou outra coisa qualquer, isso não sei.
O que penso da blogosfera, e também o digo a mim próprio, é que este novo meio de comunicação/informação alternativo, sendo simultâneamente interpessoal e global,
nos impõe acrescidas responsabilidades.

Podemos encarar a blogosfera como um espelho de reflexos múltiplos, intermináveis.
Mas onde tudo cabe, não tende a tornar-se um lugar onde nada cabe?
Num país com parcos hábitos de debate de ideias parece que os trinta anos da nossa
democracia ainda não foram suficientes para tornar mais dialogante a sociedade
portuguesa. De quanto tempo precisaremos ainda para derrubar as sombras da
ditadura?
[R]



[Adenda > 17.8.2006]
CÁTEDRA

Haverá sempre quem sinta incomodidade perante opiniões divergentes das suas. O
debate nem sempre é fácil, a tendência será para eliminar a incomodidade rotulando automáticamente o ponto de vista do outro. Será próprio da condição humana e da
insegurança que a caracteriza: são mecanismos defensivos/ofensivos, como se
se ficasse inferiorizado perante o que é sentido como superior, ou superiorizado
perante o que é sentido como inferior.
Mas não tem que ser assim: o debate de ideias não tem que ser vivido como um
desafio de futebol, em que o adversário ou nos vence ou é vencido. O exercício do
debate é fundamental, lucramos todos com isso. Tem faltado em Portugal?
Seguramente.
O espírito de cátedra permanece inalterado, com os mesmos vícios de antigamente.
Esperamos que a nossa blogosfera não se deixe contaminar? Seguramente.
[P]

[Adenda > 19.8.2006]
Sérgio Lavos no Auto-Retrato deu início a uma série de posts refletindo sobre
O mal dos blogues. Para ler devagar.
[R]

Pintura > Paula Rego (n.1935), Portugal
> Salazar a vomitar a Pátria, 1960, Col. CAM/F.C. Gulbenkian, Lisboa

Fotografia > Horácio Novais (1910-1988), Portugal
> Reitoria da Universidade, Lisboa, s/d (déc.1960), (foto © FH/CRO).
[R]

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25 Comentários:

Blogger jpt escreveu...

não acredito que haja mais tresleituras, incompreensões, parvoíce, má-fé ou ignorÂncia (tudo coisas diferentes) na blogosfera do que noutros campos. aqui nota-se é mais (distância, interacção)

17 agosto, 2006 11:15  
Anonymous Anónimo escreveu...

Estou inteiramente de acordo.
Tão de acordo que referi a questão da irresponsabilidade.

17 agosto, 2006 11:38  
Blogger José Raposo escreveu...

Estou quase de acordo. Realmente incomoda-me um pouco essa mania que alguns dos mais visitados blogs da net têm de se degladiarem fazendo links uns ao outros com comentários mais ou menos agradáveis sobre o que outros pretendiam dizer... mas o que não concordo totalmente é com a ideia das potencialidades da blogoesfera. Na maior parte dos casos (e aqui me incluo) a blogosefera tem é apenas um reflexo da restante comunicação social. Uma espécie de caixa de ressonância que navega ao ritmo dos interesses pessoais de quem comenta, sejam eles de esquerda, direita ou de centro.
Além disso é infelizmente um campo relativamente fértil ao boato sem sentido.

17 agosto, 2006 15:14  
Blogger bettips escreveu...

Não sabia que me visitava ... é um gosto por inúmeros motivos. Para mim, não vou discutir na blogosfera, bem me basta o que já há. Gosto ou não gosto, ponto final. E acho que é bem democrático! Delete ... e não ligar a ...provocações. Quanto a vós, acho bem que o debate de ideias o seja. Acho que vocês não "cabem" na comunicação social. E ela existe para "os jornalismos" e os comentadores pagos ou não. Vocês ...são ...demasiado lúcidos e não-dependentes. E tentam sempre. Existam!
Um abraço, contudo porque o merecem muito mais que os As e os Bs.

17 agosto, 2006 18:28  
Anonymous Anónimo escreveu...

José Raposo:
Pego na questão das "potencialidades da blogosfera": Também penso que a lógica jornalística "invadiu" este campo da comunicação. Em muitos casos felizmente, noutros nem por isso, havendo situações em que se procura impor a mesma agenda mediática de jornais e televisões.
Compete por isso aos cidadãos não jornalistas, aqueles que pela primeira vez na história têm ao seu dispor um meio de comunicação de larga escala, não desperdiçar esta oportunidade. Trata-se de constituir uma alternativa, de ter voz pública, sem repetir os estereótipos do costume e não nos limitarmos a ser, como muito bem disse o José, "uma espécie de caixa de ressonância".
É o que temos procurado fazer no Ultraperiférico, resistindo tanto quanto possível à hegemonia da agenda mediática, sem no entanto ignorar o que se passa em Portugal e no mundo.

Bettips:
Muito obrigado pelas suas palavras. O que pensamos por aqui é que não faz sentido gastar tanto tempo e tantas energias que não seja por causa... de algumas causas, nomeadamente de ordem cultural. Se muitos de nós lamentam a falta de alternativas talvez seja tempo de nos responsabilizarmos por elas. Pensamos também que esta caixa serve para outras ressonâncias, para debater ideias, no sentido do enriquecimento mútuo. O tempo dirá se vai valendo a pena.
Volte sempre. Abraços.

17 agosto, 2006 20:56  
Anonymous Anónimo escreveu...

olá. sem poder retirar uma vírgula ao sentido e intenção do post, pelo menos em relação à descontextualização (e esquecendo alguma má-fé que poderá ocorrer em incertos casos), julgo que essa tendência se deverá sobretudo à preguiça. Isso mesmo, preguiça. Com alguma bondade poderia substituir preguiça por défice de atenção.
Parece-me ser natural que, quanto mais blogues se vão lendo de uma assentada, mais superficial será a sua leitura. Daqui a reter apenas o tom geral dum post ou algumas frases mais apelativas que até podem perder o seu sentido inicial é um passo de anão.
Claro que, deste modo, torna-se muito mais fácil contra-argumentar, sendo certo que um debate não irá tão longe, perdendo frequentemente o interesse apenas porque os intervenientes não se deram ao trabalho de assimilar a mensagem do interlocutor na sua totalidade. Défice de atenção, de novo. Torna-se assim pouco recompensador construir posts cuja argumentação seja fundamentada duma forma consistente e, quase necessariamente, mais extensa.
Julgo não exagerar ao imaginar ser essa a razão pela qual os bloggers mais antigos têm vindo a encurtar gradualmente a extensão dos seus posts. os chamados lençóis são agora bem mais frequentes do que há um ou dois anos. O risco desta tendência? Passe o absurdo: mais um par de anos e não haverá lençóis; apenas fronhas; em vez de posts, telegramas.
Imediatismo em vez de substância para conseguir a fatia de atenção que cada um se esforça por merecer. Como já referido mais acima, os blogues não ficam solteiros nessa culpa.

e voltou a acontecer: acabei também por descontextualizar um aspecto do post para reforçar um ponto de vista que pouco ou nada tem a ver com a ideia subjacente ao post. desculpem-me p.f. o lençol. é muito raro comentar seja o que for, mesmo o que vale a pena, como foi o caso.

17 agosto, 2006 22:28  
Anonymous Anónimo escreveu...

ora bolas. ficou ali um «mais que deveria ser «menos»: os chamados lençóis são agora menos do que eram há um ou dois anos

17 agosto, 2006 22:39  
Blogger antimater escreveu...

Aqui vai uma sugestão inspirada no texto (talvez noutro sentido...):
Encontrar os pontos em que estamos todos de acordo e em desacordo com o sistema. A partir daí trabalharmos a blogosfera em acção positica, activa e profíqua.
A energia que anda por aí desbaratada ganhava uma dinâmica interventiva inegualável!
Haverá matérias consonantes?

18 agosto, 2006 00:20  
Anonymous Anónimo escreveu...

Mais que uma "caixa de comentários", temos aqui uma verdadeira "caixa de diálogo". Ainda bem!

18 agosto, 2006 03:27  
Blogger João Dias escreveu...

Eu acho que vital numa discussão é sempre perceber a discórdia. Também acho que um método frequente de descaracterização da argumentação consiste em diabolizar a "oposição", no sentido em que se faz tábua rasa dos argumentos e se foca algum traço de personalidade mais ou menos real do "opositor". Aquilo que me parece essencial é enunciar os pressupostos, são os mesmos? Siga a discussão, queremos o mesmo? Discutamos o método...eliminamos etapas para perceber o que divide e une.

18 agosto, 2006 03:59  
Anonymous Anónimo escreveu...

A descontextualização, tal como o "desconversar" acontecem por vários motivos:

1) vontade de ter sempre razão.
2) descredibilizar o adversário
3) falta de capacidade argumentativa
4) spleen

Podemos discordar e mesmo assim manter um diálogo que pode chegar a algum lado proveitoso (quanto mais não seja pelo própro prazer do diálogo).
Acho que estamos demasiado habituados a falar sózinhos e por isso a argumentação e o confronto de ideias se tornam por vezes tão difíceis.

18 agosto, 2006 10:51  
Anonymous Anónimo escreveu...

Gosto de dialogar com cada um dos comentadores, e faço-o sempre que posso. Mas agora com 5 comentários "em atraso" a coisa está difícil. Vou tentar. Para já, um comentário de ordem geral:
Os vários contributos deixados nesta "caixa de diálogo" (Propranolol dixit) mostram-me que ela pode ser uma extensão consistente e construtiva da postagem, e não um depósito de troca de galhardetes e outras frivolidades.
Aceitam-se críticas consonantes.

18 agosto, 2006 12:07  
Anonymous Anónimo escreveu...

José Quintas:
Na falta de caixa de comentários no seu blogue, espero que me perdoe, não vou perder esta oportunidade de lhe transmitir apreço. Porque considero o Branco Sujo deslumbrante. Pronto, está dito.

Quanto ao seu comentário, que não penso ter-se afastado do conteúdo do post (alargou-o), acrescento eu à pertinente questão da preguiça o umbigo excessivo, ambos tão típicos da mentalidade cultural portuguesa. Umbigo talvez motivado por ausência de sentido de projecto, com causas, no sentido de contrabalançar a mediocridade reinante. E não falo de militâncias nem de partidarites. Se cada qual se concentrasse com clareza nos seus objectivos de comunicação, creio que as coisas se tornariam mais simples, e sobretudo mais proveitosas.
Mas a questão de fundo por si levantada, se bem entendi, diz respeito à adequação e legibilidade dos artigos. Curtos, serão mais adequados, evitando-se tempos de leitura excessivos e os malefícios do ecrã. Será também uma questão de capacidade de síntese, dependendo dos hábitos de escrita e até do talento. Porém, desse modo, como evitar a vacuidade?

18 agosto, 2006 13:54  
Anonymous Anónimo escreveu...

Antimater:
Dando seguimento à idéia, o que me parece é que, se resistirmos ao cómodo hábito de "arrumar" o interlocutor num rótulo disponível no stock dos nossos padrões individuais, deixaremos a porta aberta à continuação do diálogo e, por inerência, à aprendizagem mútua, passe a expressão pedagogista. E... "quem se parece junta-se", não é? Hoje somos poucos e em risco de sermos engolidos pelo "sistema" mas, como diria o outro, se persistirmos, amanhã seremos mais.

18 agosto, 2006 14:39  
Anonymous Anónimo escreveu...

Antimater:
Eis uma sugestão interessante. Concordo em absoluto que as energias andam desbaratadas. Vamos mantendo contacto, aqui ou no Positrão (nome fantástico).

João Dias:
Pois, perceber a discórdia como a concórdia. A tensão entre posições divergentes parece-me importante, pode trazer luz. Pessoalmente interessam-me também os diálogos que acrescentam alguma coisa à minha perspectiva, conseguir ver através do olhar alheio.

Mário:
Aos 4 motivos que refere podemos acrescentar, entre outros, a ignorância (vestida de saber) e a arrogância (vestida de certezas absolutas).
Para recentrar a questão: o individualismo e a politiquice parecem, de momento, dominantes na blogosfera portuguesa (ou pelo menos em alguns dos blogues mais visitados).
Mas será que a blogosfera pode vir a tornar-se uma verdadeira alternativa no campo da comunicação/informação e do debate de ideias?

18 agosto, 2006 19:01  
Anonymous Anónimo escreveu...

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas.

Lamento não ter luz nem acrescentar coisa alguma, queria só dar os parabéns pelos sete meses.

Marga

18 agosto, 2006 19:45  
Anonymous Anónimo escreveu...

Muito obrigado, Marga, por se lembrar dos 7 meses do Ultraperiferico. Para quem diz que "lamenta não ter luz nem acrescentar coisa alguma", ... não está nada mal dar-nos os parabens com palavras de Sérgio Godinho.

18 agosto, 2006 20:25  
Anonymous Anónimo escreveu...

céus! Roteia, agradeço o exagero e devolvo-o a dobrar para toda a equipa e à v/entrega à/s causa/s que vão demonstrando. Haja, tem de haver alguém que acredite em causas pois, na parte que me toca, os meus maus fígados funcionam como um telejornal: só têm destilado desencanto. O umbiguismo e ausência de projecto/s também daí advêm, desta horrível tendência colectiva para a melancolia.
Clareza na comunicação só pode ajudar a ultrapassar obstáculos e equívocos. Seja a que nível for, exigir mais de si próprio e dos mais próximos, mesmo sob o risco de aumento da conflitualidade social, acabaria também, creio, por fazer crescer as ganas, o prazer de viver.

Sobre a vacuidade muitas vezes implícita em posts curtos não sei muito bem o que dizer. Cada um faz o melhor que pode?
Olhando para trás, reparei que ao fim de um ano com a caixa de comentários aberta e posts quase sempre longos (e sem prejuízo de ter tido uma sorte do caraças com a meia dúzia de comentadores mais regulares), grande parte dos comentários recebidos acabava por incidir apenas sobre um ou outro aspecto focado em cada post (o que é natural; não se pode estar à espera que uma caixa de comentários seja um depósito de críticas literárias).
O aspecto mais desmotivante foi quase nunca ter recebido opiniões contrárias (o que também era natural uma vez que os posts não tinham ponta por onde pegar:). Tudo isto mais a noção demasiado recorrente «quem raio vai querer saber o que penso?» resultou agora na caixa fechada, na preguiça actual (tempo menos disponível, também) e, claro, nos posts mais curtos.
O problema é que, quando vou lê-los logo após a publicação, acabo muitas vezes por perguntar algo parecido com «so what?», melhorei a minha vida ou a de alguém? Prefiro nem saber a resposta (correria o risco de fechar o blog:))
mais uma vez: cada um faz o melhor que pode?

18 agosto, 2006 20:52  
Anonymous Anónimo escreveu...

José Quintas:
Começando pelo fim: Cada um faz o melhor que sabe? O melhor que pode é exigir pouco.
Estou a lembrar-me do Pessoa: "Põe tudo o que és no pouco que faças".

Vacilar, também faz parte. Estou a lembrar-me do Beckett: "Falhar, falhar de novo, falhar melhor".

O seu comentário levanta tantas questões, que não teria como lhe responder, senão em forma de lençol.

Quanto ao "Branco Sujo" e aos seus longos textos "curtos", não por acaso, dar-lhe-ei em breve uma resposta que, sem eu saber, já tinha no rascunho do Blogger desde o início desta tarde.

19 agosto, 2006 00:33  
Anonymous Anónimo escreveu...

Marga:
Sua Excelência o Roteia viu o comentário de Marga primeiro que eu, e zás! antecedeu-se-me! Acontece que também eu quero agradecer o comentário de Marga, e atrevo-me a citar Eduardo Pondal: "Só nos traballos duros,/que ánimo ennobrecen,/sábese canto valen/aqueles que reteñen/as leis do honor difícil/no momento solemne:/non coroados de suaves flores/en alegre banquete;/o perigo afrontando e o duro ferro,/así é, así é como se vence!"
Espero que Marga não considere pretenciosa a minha resposta, na medida em que estes versos de Pondal se entendam como universais, e por isso individuais, e por isso de todos nós.

19 agosto, 2006 01:16  
Anonymous Anónimo escreveu...

"Mas será que a blogosfera pode vir a tornar-se uma verdadeira alternativa no campo da comunicação/informação e do debate de ideias?"
Roteia, claro que pode, os weblogs funcionam individualmente, se há efeito de grupo nefasto (os "mediáticos" e "politiqueiros") é localizado e é como os canais de televisão, se não gostamos sintonizamos outro canal ou desligamos a televisão e vamos ler um livro ou ouvir um disco ou criar qualquer coisa nossa.
Pessoalmente sempre me agradaram as colaborações (já desde a fantástica Janela Indiscreta) e foi isso que me motivou a encetar uma colaboração com o Luis Rei das Crónicas da Terra que já leva quase 3 anos e muitas fotografias. A blogosfera das artes pode existir, desde que haja pessoas com vontade de a construir e que tenham força de vontade para nao se deixarem ficar pelo caminho (porque fazer as coisas por amor à arte custa muito, eu sei).
O vosso blogue é um bom ponto de partida.

19 agosto, 2006 15:00  
Anonymous Anónimo escreveu...

Mário:
Vamos ver. Entretanto só há pouco vi uma mensagem sua no post Semelhanças e Diferenças 1, à qual já dei resposta.
Continuaremos a dialogar.

19 agosto, 2006 18:35  
Anonymous Anónimo escreveu...

Um projecto interessante e relativamente "fácil" de encetar nacionalmente é este :

http://thinkingaboutart.blogs.com/art/2005/04/a_new_project_a.html

http://thinkingaboutart.blogs.com/art/2006/08/artists_intervi.html

19 agosto, 2006 20:12  
Blogger José Raposo escreveu...

Já perdi o fio à meada. É um bocado a superficialidade que alguém falou lá mais atrás e que faz que cada vez mais os textos sejam de um imediatismo que permita entrar pelos olhos adentro sem haver grandes necessidades de interpretação. E depois falta tempo para acompanhar a blogoesfera, especialmente quando não se em uma profissão liberal…
De qualquer forma acho que estão a fazer um excelente trabalho na interpretação do papel da blogoesfera.
Tenho dúvidas sobre o papel deste suposto novo meio de comunicação social, em primeiro lugar porque não existem regras e como já disse em cima, existe sempre uma enorme tentação para o boato.
Por vezes imagino que o papel que a blogoesfera tem se resume ao papel que os seus autores julgam que têm e o papel que alguma comunicação social lhes dá. Não me parece que se possa pensar num impacto real quando os blogs mais lidos têm poucos mais de cinco mil visitas por dia.
Tenho em crer que na blogoesfera acaba tudo por resultar como na restante comunicação social. São sempre os mesmos a dominar a opinião e a ter todas as visitas como reflexo do que fazem noutras áreas.

21 agosto, 2006 12:42  
Anonymous Anónimo escreveu...

José Raposo:
Não, não perca o fio à meada. Nós por aqui tentaremos também não perder nem o fio nem a meada. O seu diagnóstico parece-me correcto, mas a tomada de consciência do que se passa e se adivinha e se prevê, já é alguma coisa. O melhor é continuarmos convictos do que fazemos e a defender as nossas convicções. Estarei a ser ingénuo, mas alguma coisa um cidadão não jornalista há-de conseguir.

22 agosto, 2006 05:05  

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