quinta-feira, junho 01, 2006

[citação 04]
DEIXAI ÀS CRIANÇAS


Deixai às crianças às crianças minhas zonas primitivas.
Minha terna loucura.
(...) Em mim é que nascem e vivem com nomes
castos, e esquecem.
E de repente se lembram, e se esquecem
de tudo.
Porque são delicadíssimas.
E verdadeiras.
Poema > Herberto Helder (n.1930)
> in Lugar (excertos do poema VI), 1962

Fotografia > Julia Margaret Cameron (1815-1879)
> Paul and Virginia, 1864 (Col. Victoria & Albert Museum, London)
[P]

(Adenda, 2.6.2006)
Julia Margaret Cameron nasceu em Calcutá, Índia, em 1815, e morreu no Ceilão,
actual Sri Lanka, em 1879. Iniciou uma notável carreira aos 49 anos de idade,
em 1863, tendo realizado na Grã-Bretanha a quase totalidade da sua obra
fotográfica.
Tal como outra inglesa sua contemporânea, Lady Clementina Hawarden (1822-1865),
foi influenciada pela pintura Pré-Rafaelista. São duas das maiores e mais originais
figuras da fotografia do século XIX.
As fotografias de Cameron apresentam um halo de eternidade, a que não são alheios
o olhar erudito sobre a literatura e uma ousada visão feminina. Neste Paul and
Virginia, realizado a partir da novela homónima escrita em 1787 pelo francês
Bernardin de St. Pierre, a artista teve como modelos duas crianças que fotografou
em várias versões, com idênticos adereços, em 1864/65.

As palavras de Cameron: "My aspirations are to ennable Photography and to
secure for it the character and uses of High Art by combining the real and Ideal

and sacrificing nothing of the Truth by all possible devotion to Poetry and beauty".
[R]

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7 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

E têm o dom de se encantarem. Que nós, os crescidos, não percamos esse dom. Encantemo-nos...

01 junho, 2006 10:43  
Anonymous Anónimo escreveu...

Creio que esse é um dos problemazinhos dos crescidos, esquecemo-nos muitas vezes que também fomos crianças. E quando nos disponibilizamos para escutar a criança que ainda temos cá dentro, o resultado costuma ser positivo, não achas, bala?

01 junho, 2006 16:24  
Anonymous Anónimo escreveu...

Sim, PropranoLoL, acho.
E também acho que é de uma imensa poesia quando esse ser aparentemente tão frágil, essa criança cá dentro, consegue vingar mesmo com as trapalhadas em que nos metemos, com as agressões a que estamos sujeitos ao longo da vida. Que viagem gloriosa, hein?

01 junho, 2006 18:19  
Blogger armandina maia escreveu...

Lindo demais para estragar com palavras...pode ruir sob o seu peso.
armandina maia

02 junho, 2006 00:32  
Anonymous Anónimo escreveu...

A não ser a palavra dos poetas, que a usam e não estragam nada, "se foste criança diz-me a cor do teu país/Eu te digo que o meu era da cor do bibe/e tinha o tamanho de um pau de giz" (Ruy Belo).

02 junho, 2006 01:15  
Blogger Carocha escreveu...

Excelente post!

02 junho, 2006 23:23  
Anonymous Anónimo escreveu...

Obrigado Samantha. Bem vinda à caixa de comentários do Ultraperiférico.

03 junho, 2006 01:48  

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